sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Luciana Genro exige o fim de todas as quadrilhas políticas


Junto com Heloísa Helena, Babá e João Fontes, fui expulsa do PT por votar contra a Reforma da Previdência – a mesma que foi objeto da compra de votos através do mensalão. Quem comandou a nossa expulsão foi José Dirceu e quem executou foi Delúbio Soares, com a anuência de José Genoíno.


Conheço muito de perto todo este episódio da história brasileira. Condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha, agora querem se passar por vítimas, como se fossem perseguidos políticos ou condenados sem provas. Nada mais falso.

Estão sendo condenados por crimes de corrupção, por “comprar” parlamentares da direita, por desviar verba publica e uma série de condutas que tem como maior vítima o povo brasileiro.

O voto do Min. Joaquim Barbosa cumpriu importante papel para sepultar falácias, na medida em que nada constrange mais do que a apresentação dos fatos concretos que provam que toda a articulação era promovida pelo então ministro-chefe da Casa Civil. Ou alguém duvida que José Dirceu tivesse o completo “domínio dos fatos”?

Se o Supremo não fosse composto por uma maioria de ministros nomeada por Lula e Dilma, a suspeita de uma perseguição política até poderia ser legítima. Mas não é o caso.  Oito dos onze ministros que iniciaram o julgamento foram indicados por eles.

Seria então um complô dos Ministros do STF, nomeados pelo PT contra o próprio PT, que instigados pela mídia anti-petista julgam e condenam sem provas pessoas inocentes? Alegação risível e patética que só serve para o PT tentar justificar o fato de que estes dirigentes condenados seguem filiados, e no caso de José Dirceu, ainda com considerável poder político no partido.

O falso discurso de defesa das garantias constitucionais também não cabe aqui. Nenhum dos réus do mensalão está desprotegido como os pobres que caem todos os dias nas garras do sistema jurídico-penal. O julgamento destes, em geral condenados e encarcerados em prisões imundas, não é notícia, exceto quando um juiz rebelde resolve soltá-los. Aos réus do mensalão não falta dinheiro – quiçá ainda do Valerioduto – e ótimos advogados.

Sim, é verdade que o mensalão começou com o PSDB, que FHC comprou votos para a sua reeleição, que eles não foram sequer julgados e que a mídia pouco fala destes casos (mídia, aliás, que os dirigentes petistas criticam agora, mas que estando no poder há mais de 10 anos nada fizeram para democratizá-la.)

Acontece que a impunidade de uns não justifica a impunidade de outros. É preciso que este sistema político podre seja julgado e condenado. Para isso, seus beneficiários – sejam os operadores práticos, sejam os mentores – terão que ir ao banco dos réus. José Dirceu não é o único que merece estar lá. Mas que ele merece, não tenho dúvidas.

É claro que a condenação de José Dirceu não significa que agora a impunidade de corruptos e corruptores vai acabar. Ao contrário. Condena-se um, mas o balcão de negócios da política FHC-Lula-Dilma continua o mesmo. Ele é fundamental para o gerenciamento dos negócios capitalistas.

Por isso, aos que não aceitam fazer coro com a direita mas que também não querem conviver com a corrupção como um método aceitável para governar – consequência da escolha feita pelo PT que sucumbiu ao regime – resta construir uma alternativa política.

O PT fez história, mas sua veia de esquerda tenta alimentar-se de uma passado que não mais voltará. É hora de olhar para frente e construir o futuro.

Tribuna

Como podem ser todos iguais se são tratados de forma diferente?!?

Todas as crianças são iguais, mas algumas são mais iguais que as outras


Michael Gove, ministro da Educação do Reino Unido, é um conservador. Faz parte do gabinete do premiê David Cameron. Não há nele, portanto, nenhum resquício do que o PIB (o Perfeito Idiota Brasileiro) classificaria de esquerdismo.

Considere, diante disso, o que Gove disse a respeito da mobilidade social entre os britânicos. Gove colocou o foco na educação. Apenas 7% dos britânicos são educados em escolas privadas. São os filhos das famílias ricas, é claro.

O que acontece, então? Os alunos saídos das escolas particulares têm, na vida adulta, imensa vantagem sobre os demais. “Mais do que em quase todo país desenvolvido, na Inglaterra o berço dita o progresso da pessoa”, disse Gove. “Aqueles que nasceram pobres provavelmente permanecerão pobres e aqueles que herdaram privilégios provavelmente transmitirão os privilégios a seus filhos. Para aqueles de nós que acreditam em justiça social, esta estratificação e esta segregação são moralmente indefensáveis.”

Justiça social? Nosso PIB tremeria diante dessa expressão de comunistas ateus que comem criancinhas e amordaçam a “imprensa crítica”, para usar a nova e engraçada expressão usada pela Folha de S. Paulo. E correria para ler o que Reinaldo Azevedo diz sobre “justiça social”, para se sentir protegido e reassegurado em suas convicções.

Mas atenção. Michael Gove é, repito, conservador, exclamação. Jornalista de formação, articulista do Times, de Murdoch, Gove é 100% capitalista.


CAPITALISTAS
Mas, ao longo da história, muitas vezes homens públicos liberais como Gove se viram na obrigação de defender o capitalismo dos capitalistas.

Ted Roosevelt, presidente americano do começo do século 20, foi um caso clássico. Ele inaugurou a chamada Era Progressista, nos Estados Unidos, ao longo da qual os monopólios foram desfeitos e os direitos dos trabalhadores e dos negros começaram a ser afirmados.  Seus amigos magnatas reclamaram dele, e Roosevelt lamentou, certa vez, que eles não percebessem que ele estava agindo em benefícios dos queixosos mesmos, para evitar transtornos sociais que poderiam levar à esquerdização do país.

O Instituto Millenium, reduto da vanguarda do atraso nacional, poderia ouvir Michael Gove. O Millenium, uma espécie de Tea Party caipira, fala em meritocracia, mas como você pode falar nisso, sem cair no ridículo, quando você vive num país cuja transmissão de privilégios pela via da educação em escolas privadas é muito maior do que aquela descrita pelo ministro da educação da Inglaterra?

Considere agora. Onde está esse debate no Brasil? Me refiro à perpetuação de privilégios pelo berço e pela escola, e pela intrínseca negação à meritocracia encerrada nela?

Em nenhum lugar? Talvez fosse o momento então de iniciá-lo.

 Paulo Nogueira Diário do Centro do Mundo

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cabo Frio vai PARAR nesta quinta!


O HEMOLAGOS CABO FRIO SEMPRE PRECISA MUITO DE SANGUE.  O BANCO DE SANGUE PRECISA AUMENTAR O ESTOQUE.
 
VAMOS TODOS LÁ!
 
DOAMOS SANGUE, FORTALECEMOS A NOSSA LUTA E AINDA SALVAMOS VIDAS!!


Profa Denize Alvarenga

GREVE dos servidores de Cabo Frio! Pela aprovação da LOA 2013 e do Plano de Carreira!!!!


ATENÇÃO CABO FRIO! 

Amanhã, dia 29/11, PARALISAÇÃO de 24 horas e ATO unificado com ASSEMBLÉIA de todos os servidores municipais às 9 horas em frente à Câmara. 

Estão tentando nos enrolar e não votar o orçamento 2013 com nosso aumento. Venha lutar pelo direito de todos nós! Informe-se e cobre urgência aos vereadores! 

Não acredite naqueles que agem em benefício próprio e em prejuízo aos cidadãos e aos funcionários públicos de Cabo Frio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Preconceito racial, falência da educação e política de cotas


O preconceito racial no Brasil é histórico. Poucos governantes enfrentaram a questão posta em comento de forma lógica e racional. Preferem o paliativo, o puxadinho, o jeitinho das cotas.

A raiz do preconceito contra os negros e contra os pobres de todas as etnias está na oportunidade de estudarem em escolas de qualidade. A disparidade educacional entre as famílias pobres e as famílias ricas é abissal, então na hora dos concursos públicos e na seleção para trabalhar nas empresas privadas, quem foi melhor preparado será o escolhido.

A partir de 1964, a Educação Pública foi destruída e vilipendiada por todos os governos que sucederam esta data até hoje. Aviltaram os salários dos professores e abandonaram as escolas. Salvo o projeto dos CIEPS criado por Darcy Ribeiro e tocado por Leonel Brizola, nada mais foi feito de revolucionário na área educacional. O resultado está aí nos índices do ENEM.

O corte dos recursos do Orçamento Anual da União sempre atinge a Educação em primeiro lugar. Prefeitos e Governadores resistem a qualquer proposta de aumento real dos salários dos professores, entretanto são pródigos em reajustar os contratos de obras fazendo a festa das empreiteiras. Essa é a realidade fática e portanto inquestionável. Suas excelências jamais admitirão o fato, mas as reportagens dos jornais diários atestam, que eles se recusam a aumentar os recursos para a Educação.

Roberto Nascimento  Tribuna

Professores e funcionários da rede estadual: Hoje tem assembleia!



Assembleia da Rede Estadual: 17:30h, na Associação Atlética Cabo-Friense (próximo ao C.E. Miguel Couto).
Sepe Lagos

Fórum Palestina Livre e o movimento sionista

Representantes do movimento sionista no Brasil tentam por vários meios impedir o brilho do Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL), que será realizado entre 28 de novembro e 1º. de dezembro de 2012 em Porto Alegre, RS. O embaixador de Israel no Brasil e uma comitiva da Federação Israelita do Rio Grande do Sul chegaram a dizer, numa reunião com Tarso Genro, temer o ataque de “extremistas” palestinos a propriedades de judeus no Brasil.

O argumento é falso e os sionistas sabem disso. Sabem também que, se há extremistas na Palestina, são os colonos judeus vindos da Eurásia e seus descendentes, que atacam os palestinos, suas casas, plantações, rebanhos, com o apoio de soldados do Exército israelense. Sabem, igualmente, que o povo palestino há muito optou pela resistência não-violenta à ocupação – esta sim, violenta – militar a que Israel o submete. O objetivo tácito das declarações dos sionistas é criminalizar mais uma vez os palestinos, para justificar os crimes que os governos de Israel cometem contra o povo nativo, semita, da Palestina.

Seja como for, os sionistas venceram em alguns pontos. Persuadiram o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, a retirar o apoio que prometera dar ao Fórum. Até mesmo o local, a Usina do Gasômetro, foi negado. O Fórum só poderá usar um andar, o térreo. Esta semana foi a vez do presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Alexandre Postal, impedir que o FSMPL utilizasse espaços do prédio da Assembleia para a realização de algumas das mais de 100 atividades inscritas no Fórum por organizações de 36 países. O governador Tarso Genro, porém, manteve seu apoio à realização do Fórum.

Por isso mesmo, tornou-se alvo das críticas de um raivoso colunista, conhecido por suas ligações com o movimento sionista, em seu blogue numa revista que chegou a ser pautada pelo crime organizado. O colunista chegou a citar a Constituição brasileira, afirmando que Genro teria violado seu artigo 4o, sem se dar conta de que os princípios citados defendem tudo aquilo que os governos sionistas de Israel nunca observaram em relação aos palestinos: independência nacional, prevalência dos direitos humanos, autodeterminação, não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, concessão de asilo político. Vejam-se as resoluções das Nações Unidas sobre Israel – resoluções que o Estado sionista jamais cumpriu – e os vídeos e fotos feitos na Palestina que estão na internet para conferir as violações de Israel ao direito internacional.

A veiculação de comentários falaciosos sobre o Fórum tem o objetivo de, ao desinformar a população, tecendo críticas insensatas ao evento e ao povo palestino, colocar parte da opinião pública brasileira contra a causa palestina e suas iniciativas, bem como impedir que a narrativa palestina sobre a destruição de seu país, sobre o genocídio e a expulsão sofridos por sua população para que os sionistas pudessem criar ali um Estado, seja divulgada e conhecida pelos brasileiros.

Por ter o controle dos meios de comunicação dominantes, o movimento sionista vem divulgando há mais de 60 anos apenas a sua versão sobre a criação de Israel. A verdade, porém, é que essa versão é falsa, constituída sobre uma base histórica fantasiosa e distorcida, como provam os documentos dos próprios sionistas que foram desclassificados (liberados para conhecimento público) em meados dos anos 1970 e que corroboraram tudo aquilo que os palestinos já vinham contando sobre a catástrofe, a Nakba, que se abateu sobre eles com a chegada dos sionistas à Palestina. Um dos objetivos do FSMPL é, precisamente, dar voz à narrativa palestina, para reafirmar a justeza de sua causa: pôr fim à ocupação militar israelense e à violência que a caracteriza; ter de volta um país independente e soberano; reaver os direitos humanos básicos que lhes foram retirados por sucessivos governos de Israel; controlar seus recursos naturais e impedir a continuidade da devastação e do envenenamento de seu ambiente, hoje submetido à exploração comercial israelense e às substâncias tóxicas que o Exército de Israel atira em território palestino com mísseis e bombas que vitimizam civis inocentes; evitar a destruição de sua base econômica e de seu meio de vida – as plantações e as oliveiras –, alvos frequentes das violentas ações de colonos que vivem ilegalmente em território palestino; incrementar sua agricultura sem agredir a Natureza e buscar, de modo independente, outras formas de desenvolver sua economia, sufocada pelo controle exercido pelos governos sionistas; evitar que seu território e suas fontes de água sejam confiscados pelo governo israelense para a construção de colônias – ilegais, conforme entendimento do Tribunal Internacional de Justiça – exclusivamente habitadas por judeus, grande parte deles extremistas vindos de outros países.

Os palestinos, enfim, não exigem nada além daquilo que é garantido a todos os seres humanos – que, pelo simples fato de existirem, são portadores de direitos, assegurados pela legislação internacional. A diferença entre os palestinos e outros povos do mundo é que, no caso palestino, esses direitos são negados pelos governos sionistas de Israel. É por esse motivo que eles se mobilizam e lutam, com firmeza e dignidade, por autonomia, justiça e liberdade.

A causa palestina é hoje defendida por milhões de pessoas em todo o mundo, num movimento crescente de proteção da vida humana e da própria espécie, contra interesses financeiros que têm levado o planeta ao caos social, econômico, climático e ambiental. A sociedade civil internacional não aceita que, em pleno século XXI, um povo – o palestino – seja submetido a um regime de apartheid e de destruição de suas raízes sociais, históricas e culturais. Indivíduos e movimentos organizados em torno dos temas da paz, da justiça social, da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos decidiram organizar o Fórum Social Mundial Palestina Livre para pensar conjuntamente estratégias não-violentasque levem mais rapidamente ao fim da ocupação militar sionista da Palestina. Entre esses indivíduos e movimentos há judeus e israelenses inconformados com a violência e a repressão a que os governos sionistas de Israel submetem o povo palestino. O objetivo dessas estratégias é levar a uma convivência, entre os habitantes daquela parte do mundo, baseada no respeito, na tolerância, na diversidade e na paz.

Quaisquer outras coisas que digam os detratores do FSMPL não passa de propaganda sionista – a hásbara –, que procura por todos os meios deslegitimizar a causa palestina e seus milhões de apoiadores ao redor do mundo para justificar os crimes cometidos pelos governos israelenses contra a população palestina. É preciso mostrar aos sionistas que o povo brasileiro não permitirá que o Brasil seja transformado em palanque para sua pregação – uma pregação que procura criminalizar aqueles que, por estarem ao lado da justiça, dos direitos humanos, do respeito à multiculturalidade, à multietnicidade, à diversidade de crenças religiosas (e da não crença), apoiam sem restrições a causa palestina.

Brasil de Fato

A lógica cruel que perpassa nossas relações sociais

O Brasil começa com um gesto de generosidade invertida: civilizar os índios, explorando sua mão de obra e obrigando-os a converter suas almas a uma religião que lhes era estranha. Depois de quatro séculos, o Brasil começou a ser generoso com os escravos africanos: fez a Lei do Ventre Livre. Os filhos de escravos seriam libertos, mas as mães continuavam escravas. Houve generosidade também com os velhos escravos, quando já não poderiam mais trabalhar.

A Lei Áurea foi outra de nossas generosidades: os escravos já não poderiam ser vendidos nem obrigados ao trabalho forçado, mas não lhes demos terra para produzir a própria comida nem escolas a seus filhos.

Mais recentemente, quase no quinto centenário da existência do país, fomos generosos estabelecendo um salário mínimo. Mas tão mínimo que sempre foi insuficiente para cobrir os custos básicos dos serviços e dos bens essenciais. Para não ficar sem trabalhadores, houve outra generosidade: o vale-refeição. As famílias ficavam sem comida, mas os trabalhadores recebiam a comida que o salário não permitia.

Durante a escravidão, fomos generosos oferecendo “casa” para os escravos: as senzalas fétidas e insalubres. Quando a industrialização pôs os trabalhadores morando distante do lugar do trabalho e o salário não permitia pagar a passagem de ônibus, oferecemos, generosamente, o vale-transporte, mesmo que, no fim de semana, ele e a família não pudessem visitar parentes ou passear no centro da cidade.


GENEROSIDADE
Temos sido generosos ao oferecermos uma renúncia fiscal no cálculo do Imposto de Renda para financiar escolas particulares, dos filhos de ricos, num valor superior ao gasto médio anual por criança na escola pública, dos filhos dos pobres.

Generosamente, oferecemos Bolsa Família, mas não nos comprometemos em emancipar os pobres da necessidade de bolsas. Generosamente, não oferecemos creches e pré-escolas para nossas crianças, provocando desespero em milhares de mães.

Generosamente, oferecemos também cotas para facilitar o ingresso de jovens negros na universidade, mas não fazemos o esforço necessário para erradicar o analfabetismo, que tortura cerca de 11 milhões de brasileiros, em sua grande maioria, negros e pardos.

Somos generosos facilitando o endividamento das famílias da classe C para comprar carros a serem pagos em até cem meses, sem IPI, mas não eliminamos impostos sobre a cesta básica nem melhoramos o transporte público para todas as classes, inclusive a D e a E.

Nossa generosidade chega ao cúmulo de gastarmos muitos bilhões de reais para fazer no Brasil a Copa e a Olimpíada, às quais nossos pobres vão assistir pela televisão, e não adotamos o compromisso de investir os royalties do petróleo na educação de nossas futuras gerações.

Somos um país coerente com cinco séculos de generosidade seletiva invertida ou pervertida.

Cristovam Buarque

sábado, 24 de novembro de 2012

Guerra em São Paulo: os que morrem são sempre os mais pobres

Violência em São Paulo: Quando alguém importante é vítima de um criminoso comum, a sociedade se mobiliza. Quando os mortos são trabalhadores das favelas a reação é quase nenhuma

Nessa guerra os que morrem são sempre os mais pobres, e não beligerantes diretos. Raramente um oficial é executado por bandidos. Em algumas vezes são soldados desprotegidos, alvejados quando chegam do trabalho. Da mesma forma, não são os capitães do PCC e de outras organizações os mortos.


Falta identificar as forças beligerantes na guerra que se trava em São Paulo, com baixas diárias que se aproximam das registradas em conflitos internacionais.  Aparentemente – e convém desconfiar das aparências – o confronto se dá entre os bandidos e a polícia. Os bandidos, na versão oficiosa, vingam-se da sociedade que os confina ao “executar” policiais militares em emboscadas. Há, no entanto, a denúncia de que os policiais militares estão assassinando pequenos bandidos, mas também pessoas trabalhadoras, a fim de atemorizar as organizações criminosas dos presídios.

Não há policiais perfeitos, a não ser na ficção, mas sem dúvida a Polícia Militar, pela sua natureza, é muito mais violenta do que as corporações civis. O uniforme, os aquartelamentos, as formações e os treinamentos – semelhantes aos que se submetem as forças armadas destinadas à hipótese da guerra contra os inimigos externos – condicionam esses homens ao ato de matar sem a inibição do sentimento de culpa. Isso não inocenta os policiais civis, muitos deles tão violentos ou ainda mais violentos do que os uniformizados.

Organizações brasileiras denunciaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington, que só em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre 2003 e 2009 (não há estatística mais recente), a polícia matou 11.000 pessoas – mais de vinte vezes as baixas das tropas brasileiras em combate na Itália. Na quase totalidade dos casos, os próprios matadores redigem um “auto de resistência”, embora nunca possam provar que os mortos tiveram a iniciativa do tiroteio.

Isso, apenas nas duas capitais brasileiras mais populosas. No interior do país, a situação é semelhante. Ainda agora, acabam de ser identificadas três milícias em João Pessoa, compostas de policiais militares e civis, acusadas de constituir um grupo de extermínio, de oferecer proteção a homens de negócios e de extorquir os traficantes de drogas na Paraíba. Foram presos 56 suspeitos, entre eles soldados e oficiais da PM, além de carcereiros e policiais civis. A operação foi realizada por 400 agentes da Polícia Federal, com o apoio das autoridades estaduais, e sob mandato judicial.

Nessa guerra os que morrem são sempre os mais pobres, e não beligerantes diretos. Raramente um oficial é executado por bandidos. Em algumas vezes são soldados desprotegidos, alvejados quando chegam do trabalho. Da mesma forma, não são os capitães do PCC e de outras organizações semelhantes os mortos, mas delinqüentes menores ou apenas trabalhadores inocentes, como parecem ser os últimos fuzilados em São Paulo por um soldado que passeava com a sua família e alegou haver respondido à ameaça dos mortos. Testemunhas afirmam que se tratou apenas de uma disputa de trânsito – as vítimas teriam “fechado” o carro do policial. Por terem assim agido, de acordo com as testemunhas, os rapazes foram fuzilados pelo militar.

Quando alguém importante é vítima de um criminoso comum, a sociedade se mobiliza. Quando os mortos são trabalhadores das favelas – ou pequenos criminosos levados ao tráfico pela falta de educação, de estrutura familiar sadia, e de empregos normais – a reação é quase nenhuma. Aqui e ali se manifestam alguns altruístas, e, pouco depois, as execuções deixam de ser notícia.

Quando houve, há seis anos, uma insurreição aberta de bandidos em São Paulo, o então governador Cláudio Lembo colocou o dedo na ferida, ao culpar pela calamidade “a elite branca e perversa” de seu estado. É certo que a desigualdade social não é a única responsável pela violência urbana -a cultura da violência, importada dos EUA pela televisão, tenha muito dessa culpa- nem pelos crimes brutais que conhecemos. Bandidos há em todas as classes e, provavelmente, os mais cruéis sejam os mais dissimulados, como os que atuam em Wall Street.

Onde há mais justiça social há menos medo nas ruas.

Pragmatismo político

Desgastado, Cabral tenta mobilizar a população contra mudança nos royalties

A imagem do fracasso
Na votação do projeto da lei que redistribui os royalties do petróleo, o governador Sérgio Cabral Filho esbanjou arrogância e incompetência. Demonstrou total incapacidade de articulação no Congresso Nacional. Preferiu depositar todas as fichas no veto presidencial. Agora, diante da possibilidade de ser jogado às feras, tenta criar fatos com mobilização na Avenida Rio Branco.

Sérgio Cabral não está à altura da importância do Estado do Rio de Janeiro. É um fanfarrão. Desde que foi flagrado com secretários em festas suspeitas com o empreiteiro Fernando Cavendish, em Paris, mergulhou num processo de desmoralização pública sem precedentes no atual governo.

Em qualquer país sério, um governador flagrado nessas circunstâncias teria renunciado a bem da administração pública. Mas aqui são poucos os homens públicos que tem vergonha, e no Estado do Rio, não é de hoje, a sarjeta chegou ao poder.

O governador do Estado não tem a menor credibilidade para se impor diante de uma bancada parlamentar. Até há pouco estava de joelhos implorando para que não fosse investigado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigava as relações entre empreiteira Delta, do seu ex-amigo Cavendish, e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

O desgaste moral do governador é visível. Ele não tem a menor condição de representar o interesse do Estado do Rio neste debate, por mais que sua arrogância persista.

Roberto Barbosa  Tribuna

Avaliação do tablet que será entregue a professores da rede pública

Primeiras impressões: Positivo Ypy 7


O primeiro tablet totalmente brasileiro chega às lojas nesta semana. Fabricado pela Positivo Informática, o Ypy já conta com uma versão de 7 polegadas, mas a família deve aumentar com o lançamento de uma edição com 10 polegadas ainda antes do final deste ano. A versão mais básica do aparelho, com conexão Wi-Fi e 10 GB de memória poderá ser encontrada a partir de 999 reais.


Aprovado:  O que chamou nossa atenção


Desempenho

Tanto para jogos quanto para navegação, o Ypy oferece excelentes resultados. A capacidade de processamento é alta e permite que vários aplicativos possam ser executados em segundo plano, sem que haja travamentos. Até mesmo quando jogos são deixados em espera, o navegador continua respondendo muito bem aos comandos.

O mesmo se aplica aos recursos que exigem a câmera integrada ao aparelho. Ao contrário de outros dispositivos Android, o Ypy consegue inicializar o software de controle da câmera rapidamente.

Câmera

Além dos programas de controle, a própria câmera merece elogios. A versão de 7 polegadas do Ypy oferece apenas uma câmera frontal para videoconferências, mas ela se comporta de maneira muito satisfatória. Para a captura de algumas fotografias ou para conversas em vídeo, a qualidade das imagens é realmente boa.

Tela

Quando falamos em tablets, a tela é o primeiro item avaliado pelos usuários e o Positivo Ypy 7 conta com uma excelente. Além de a resolução ser muito boa, a resposta aos comandos touchscreen é um dos pontos mais altos do aparelho. Isso pode ser percebido, principalmente, em jogos e aplicativos que exigem precisão dos toques na tela.

Sistema operacional

A Positivo Informática pensou muito nos brasileiros antes de lançar o Ypy. Prova disso está no sistema operacional Android, que foi totalmente personalizado para facilitar o acesso de usuários com pouca ou nenhuma experiência em tablets. O sistema conta com tutoriais em vídeo, que podem ser acessados pela própria Área de trabalho.

É possível modificar todas elas rapidamente, modificando ícones e animações. Além disso, o Ypy já sai de fábrica configurado com várias pastas de organização, dividindo os aplicativos e atalhos em seções específicas, que facilitam o acesso às principais informações disponíveis. Ponto também para o teclado virtual, que traz o “cedilha” e o “.com.br” para facilitar a digitação.

Multimídia

O Ypy possui dois aplicativos para reprodução de músicas: o oficial do Android e um criado pela própria Positivo. Os dois garantem bom desempenho na execução do conteúdo, permitindo que os usuários possam ouvir suas canções favoritas enquanto trabalham ou navegam pela internet. Esse item ganha ainda mais pontos devido à boa qualidade dos alto-falantes integrados.

Quanto aos vídeos, a qualidade é impecável e até mesmo filmes em alta resolução podem ser executados. Vale dizer que o Ypy sai de fábrica com músicas de quatro artistas populares brasileiros e vídeos de duas cantoras de sucesso: Paula Fernandes e Ivete Sangalo.

Bateria

Se é para ser portátil, um tablet não pode exigir recargas o tempo todo. E nisso o Ypy ganha muitos pontos. Dependendo da utilização, a bateria do aparelho dura até 8 horas e garante que os usuários possam navegar tranquilamente, sem medo de ficarem na mão. 

Reprovado:  Do que esperávamos mais

 

Design

É difícil olhar para o Ypy e não pensar que ele foi criado com duas molduras. Muito espaço além da tela é ocupado pelo aparelho, o que faz com que ele fique muito pesado em relação a outros tablets com as mesmas 7 polegadas. Fora isso, a construção fragmentada faz com que ele pareça muito mais frágil do que realmente é.

Crapware em excesso

A proposta da Positivo Informática é facilitar o acesso dos usuários aplicativos do Android. O problema é que a empresa fez isso em exagero com o Ypy. São mais de 50 aplicativos instalados no tablet, sendo que boa parte deles pode nem chegar a ser testada pelos consumidores (crapware).

Esse grande número de apps não chega a pesar o sistema, mas basta abrir a pasta de aplicativos para que seja possível perceber a poluição visual causada pelo número elevado de ícones.

Botões

Quando utilizado no formato retrato, o Ypy apresenta um problema um pouco complicado. Os “botões Android” acabam sendo pressionados involuntariamente e com certa frequência, o que pode atrapalhar o funcionamento de alguns aplicativos.

Outro incômodo está nos botões de volume: no formato paisagem, eles funcionam sem problemas, mas quando está em retrato, o controle fica confuso. O botão de cima faz com que o som fique mais baixo. Por sua vez, o de baixo faz com que o som aumente.

 Tecmundo

Aquecimento Global: tá explicado! kkkkkk

http://www.umsabadoqualquer.com/

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Palestina: o tempo coagulado

Desde outubro de 2012, e especialmente desde o dia 8/11/2012, as relações entre Israel e as autoridades que controlam a Faixa de Gaza entraram em colapso. As fricções de fronteira – na maioria das vezes entre patrulhas do Tsahal ( Exercito israelense) e grupos de resistentes (nego aqui, na esteira da Assembleia Geral da ONU o epíteto de “terroristas”, como não chamaria os judeus que lutaram contra os ingleses de terroristas) trocam, de um lado pedradas, tiros e foguetes contra artilharia blindada e raids de aviões de combate). Nada novo. Nada tristemente fora do comum na região. 

 

Também nada de novo no lançamento de foguetes da Faixa de Gaza contra o sul de Israel – numa tentativa de mostrar a fúria dos habitantes de Gaza contra o fechamento das fronteiras, o bloqueio naval e aéreo, além do fechamento comercial da área desde 2005.


Gaza, com seus 1.6 milhões de habitantes, tornara-se desde a desocupação por Israel na maior prisão do mundo - são 362 km². Para 1.6 milhões de pessoas, sem serviços e sem trabalho. Havia, contudo, um certo cuidado de ambas as partes. Um tentativa de evitar a “escalada”. Depois de 8 de novembro tudo isso desmoronou... Por que?


Por que a atual escalada?
De forma sistemática, meticulosa, o Tsahal patrulha a estreita fronteira entre Gaza e Israel em busca de túneis subterrâneos que permitam a entrada em território de Israel. O bloqueio imposto por Israel obriga a construção constante de túneis, por onde chega até 80% dos produtos de consumo de Gaza – e também armas para a resistência. O Egito, de acordo com os tratados assinados com Israel, também construiu uma cerca, com 11 km de extensão e 18 metros de profundidade, completando o isolamento de 1.6 milhões de pessoas. O cerco a Gaza é, de longe, muito pior que o bloqueio de Cuba, do Irã ou da Coréia do Norte, posto que nem navios com cargas humanitárias sob bandeira europeia ou turca podem chegar ao porto de Gaza City.

No dia 8 de novembro de 2012 um grupo de adolescentes, como de praxe (ligados a uma organização de resistência chamada “Comitês de Resistência Popular” ) lançou pedras e paus contra uma patrulha do Tsahal, composta de quatro carros blindados e um bulldozer (para derrubar ou fechar túneis, por onde, segundo Israel passariam “terroristas” para atacar Israel). A patrulha israelense invadiu o território e Gaza e fez fogo sobre o grupo de adolescentes. Um menino de 12 anos foi morto. Organizações palestinas em Gaza, mas não o Hamas, retaliaram lançando foguetes sobre Israel. Primeiro contra as cidades fronteiriças e depois atingindo mesmo a grande Tel Aviv.

Tais armas – foguetes – são armas de fácil fabricação local e algumas contrabandeadas pelo Irã. Não são mísseis (como afirmou esta semana o presidente Obama e o Governo Netanyahu, distorcendo os fatos), não possuem instrumentos de navegação e fazem vítimas indiscriminadas quanto apontadas para grandes centros urbanos. Israel respondeu com ataques aéreos e mísseis, em larga escala, atingindo alvos do Hamas, de outras entidades de resistência e a população civil. O saldo até o momento é brutal: 3 cidadãos de Israel mortos, 102 palestinos mortos e centenas de feridos. Dos mortos palestinos 40% são crianças, mulheres e velhos. Não há, como foi dito, “assimetria” ( isso é outra coisa em Assuntos Militares ). O que houve foi uso desproporcional e brutal de força. Segundo o ministro israelense Eli Yshian, do partido Shas, o objetivo era levar Gaza “de volta para a Idade Média”!

Entre os mortos palestinos destaca-se o Comandante Ahmed al-Jabri, que vinha nas últimas semanas negociando, em segredo, com o negociador israelense Gershon Baskin – o mesmo que negociou com o Hamas a libertação do soldado israelense Gilad Shalit. A morte de Ahmed al-Jabari, em 15 de novembro de 2012, o comandante militar do Hamas e que negociava um acordo com Tel Aviv, escala o conflito e produz, como resposta, uma chuva de foguetes contra Israel.

O próprio negociador israelense, Gershon Baskin, em entrevista publicado em todos os jornais, considerou a operação “cirúrgica” de matar Al-Jabri (na verdade a operação de “assassinatos seletivos” de Israel) um grave erro. E então por que foi feito?


O sangue que corre e o tempo que se coagula
No próximo dia 29 de novembro o Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abas, do Al Fatah – organização em conflito aberto com o Hamas, mas com quem se havia feito um acordo provisório, sob mediação a Turquia e Egito – apresentará na ONU o pedido de admissão plena da Palestina . Uma analise prévia da diplomacia israelense e americana constatou que a maioria, mais do que suficiente, da Assembleia Geral da ONU aprovará a entrada, com direitos plenos, da Palestina.

A admissão da Palestina implica que o seu governo poderá, entre outras coisas, colocar demandas jurídicas perante a Corte Internacional de Haia, pedir a formação de uma força de paz e de intermediação nas suas fronteiras e exigir que os impostos e recursos da Palestina e Gaza retornam para o governo (são recolhidos por Israel, e não entregues ao governo em Ramalah). Além disso, a Palestina poderá levar para a Comissão Internacional de Direitos Humanos pleitos de violação de tais direitos, levando a uma condenação e militares e políticos de israel.

Tal proposição de Abas – considerada “unilateral” pela diplomacia de Israel e dos Estados Unidos e em verdade uma resposta pelo abandono por parte dos EUA, do chamado “Quarteto” e da própria ONU da crise na região – desencadeou um grande temor em Washington: o Presidente Obama, Prêmio Nobel da Paz e um defensor dos direitos humanos, seria obrigado a vetar a decisão de quase 130 nações. Além disso, Israel sofreria uma derrota diplomática histórica.

Em segundo lugar, Benjamin Netanyahu, que durante a campanha eleitoral apoiou Mitt Romney e criticou, de forma despudorada Obama, convocou eleições gerais em Israel para janeiro: precisa de mandato reforçado para enfrentar qualquer pressão de Washington por um tratado de paz e, claro, o voto hostil por parte da ONU. Por outro lado, um acordo com Al-Jabri seria, na prática, o reconhecimento do Hamas como ator legítimo num futuro acordo de paz.

Obama, por sua vez, está paralisado perante o risco do “abismo fiscal” e tem que negociar com o Congresso Americano o orçamento de 2013. Ocorre que a maioria na Câmara dos Deputados é Republicana, fortemente pro-Israel e, mesmo no Senado, onde possui maioria Democrata, os representantes são também Pro-Israel. Obama, neste quadro, renunciou a qualquer apoio ou decisão de resolver a questão que se arrasta depois de décadas. Em sua primeira viagem pós-eleição foi a Tailândia, onde defendeu a liberdade dos oponentes do regime e... criticou os palestinos.


Testando a nova geopolítica
Tanto Israel quanto os Estados Unidos resolveram, em verdade, testar os limites da chamada “Primavera árabe”: os novos governos saídos dos movimentos populares, como no Egito e na Tunísia, deveriam ser colocados em posição de recuo, assumindo, em relação aos palestinos, o mesmo (e triste) papel das ditaduras cleptocratas derrubadas. A militância e protagonismo de Ancara, Cairo, do Qatar ou Túnis devem ser reduzidos ao grau de dependência real que tais países mantém com os EUA: a ajuda militar ao Egito ou as bases americanos no Qatar, ou ainda a pertença da Turquia ao sistema militar da OTAN.

O que talvez escape a estes cálculos de “realpolitik” de Washington seja a opinião pública. O slogan, hoje velho e desbotado, de que Israel era a única democracia do Oriente Médio não vale mais como desculpa. Egito, Tunísia, Líbano, Jordânia e Qatar, estes num curso tortuoso, abrem-se para ouvir a opinião pública, que não é mais o eufemismo “a rua árabe”. Sem falar nas instituições consolidadas da Turquia.

Países ditatoriais e demofobos como a Arábia Saudita e o Paquistão merecem maior apoio e prestígio que o Cairo. Sem dúvida a resposta vira da vontade popular. Governos árabes que se calam perante a Questão Palestina serão, doravante, punidos nas urnas.

Por fim, o silêncio das mídias ocidentais – quantos palestinos valem um israelense? – é vergonhoso. Embora os jornais e as associações de imprensa internacionais, começando pela SIP e “Repórteres sem Fronteiras” critiquem países como a Venezuela e a Argentina, há um total silêncio sobre um gravíssimo atentado contra a liberdade de imprensa: os escritórios, e antenas transmissoras, das televisões Al Aqsa (Palestina) e da Sky News e da Al Arabiya ( internacionais) foram destruídas por mísseis de Israel.

Silêncio.

Da mesma forma, a UNICEF protestou, formalmente, contra a morte de 9 crianças, algumas eram bebês, por mísseis de Israel. O mundo, e as pessoas de boa vontade, estão cansadas, já não pode haver mais tolerância para tantas mortes, de um lado e de outro – ressaltando uma contagem de corpos desmesurada e brutal -, por pura má vontade e cálculos eleitorais e políticos.

Israel é uma realidade política (e militar) insuperável. A segurança de sua população, no interior de seu território, é intocável. E a Palestina/Gaza? Sua existência, hoje em risco, é também intocável, com os mesmos direitos. É preciso estabelecer, de imediato, a integridade, soberania plena, e liberdade do povo palestino.

Sem isso viveremos sempre num tempo coagulado, em fogo e morte. 

Francisco Carlos Teixeira  Professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Búzios ganha centro de pesquisa na área de eficiência energética

Armação dos Búzios, na Região dos Lagos, ganhou hoje (21) um Centro de Monitoramento e Pesquisa com objetivo de se tornar a primeira cidade inteligente da América Latina.
 
O centro, que também cumpre a função de ponto de exposição de tecnologia para os cidadãos, envolve ainda um posto de recarga para carro elétrico, aerogerador, além de sala técnica de monitoramento.


O projeto de eficiência energética Búzios Cidade Inteligente integra o Programa Rio Capital da Energia, do governo do Rio, e servirá de laboratório para pesquisadores de universidades e de instituições dedicadas ao desenvolvimento de projetos sustentáveis.

O projeto está sendo desenvolvido a partir de parceria de órgãos do governo federal, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do governo estadual e empresas privadas, como a concessionária de energia elétrica Ampla. Ele está previsto para ser concluído em três anos e prevê investimentos de R$ 40 milhões até o fim de 2014.

EBC

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Políticos independentes pedem investigação das relações de Sérgio Cabral com Fernando Cavendish

No documento entregue na tarde desta quinta-feira ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o grupo de parlamentares independentes da CPMI do Cachoeira – os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pedro Simon (PMDB-RS) e os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Rubens Bueno (PPS-PR) – pediu a investigação de quatro governadores: Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, pelas suas relações com Fernando Cavendish; Marconi Perillo (PSDB), de Goiás; Agnelo Queiróz Filho (PT), de Brasília,  e José Wilson Siqueira Campos, de Tocantins.

O documento inclui entre os que precisam ser melhor investigado o ex-senador Demóstenes Torres, o prefeito de Palmas (TO), Raul de Jesus Lustosa Filho; sua mulher, Solange Duailibe, deputada estadual do PT;e  os deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB) e Sandes Junior (PP-GO).

A solicitação de investigações abrange ainda diversos contratos da Delta Construções com empresas públicas estaduais e federais, além das 14 empresas com nítidos sinais de serem de fachada, que receberam centenas de milhares de reais – especialmente em anos eleitorais – da construtora nos últimos seis anos.

 Os parlamentares querem que o MPF verifique as atividades dos sócios destas empresas – alguns supostamente laranjas -, os destinatários finais dos recursos transferidos, o indício de lavagem de dinheiro e a possível utilização da verba em campanhas eleitorais.


Suspeitas sobre governadores
No caso de Sérgio Cabral, o documento solicita uma investigação sobre as suas relações com Fernando Cavendish (ex-diretor da Delta) e a influência dessa relação no número de contratos firmados pela empreiteira no Estado. Eles pedem querem que o MPF verifique o “suposto cometimento de crimes deprevaricação, condescendência criminosa, emprego irregular de verbas ou rendas pública”.

Com relação ao governador de Goiás, os parlamentares  lembram dos R$ 500 mil que ele recebeu a pretexto da venda de sua casa a Carlos Cachoeira, mas dizem que “esta quantia teria sido repassada a Perillo para que liberasse o pagamento de R$ 8,5 milhões à Delta”. 

Os parlamentares pedem que o governador goiano seja investigado pelo “suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, prevaricação, condescendência criminosa, concussão, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, assim como do crime de fraude em licitações”.

No caso de Agnelo Queiróz, o documento fala da possíveis tentativas de indicação pelo esquema do contraventor Cachoeira de servidores para o Serviço de Limpeza Urbana – SLU, área de interesse da Delta no Centro-Oeste. Também admite a possibilidade de um encontro entre o governador e o contraventor Carlos Cachoeira.

Os parlamentares acusam Siqueira Campos de receber R$ 3 milhões como doação de campanha de Rossine Aires Guimarães, dono da Construtora Rio Tocantins – CRT, que a Polícia Federal diz ser sócio de Cachoeira. O documento ressalta que desde o início do seu mandato como governador, a CRT recebeu cerca de R$ 89 milhões. Com a Delta houve um contrato de R$ 14,6 milhões sem licitação, para a manutenção de rodovias.


Contratos sob suspeição
O documento requer ainda diversas outras investigações, a saber:
a) Os contratos firmados entre a Delta Construções e o Governo Federal, notadamente aqueles ligados ao DNIT e ao Plano de Aceleração do Crescimento; 

b) Os contratos milionários firmados pelos órgãos do Estado do Rio, em especial a CEDAE, com a Delta e outras empreiteiras. Lembram que a legislação estadual desobriga a CEDAE de disponibilizar dados dos contratos no SIAFEM – Rio (sistema análogo ao SIAFI federal);

c) Os contratos com a Delta firmados por órgãos estaduais de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Distrito Federal e Tocantins;

d) O destino das remessas para o exterior de vultosas quantias de dinheiro pela quadrilha comandada por Cachoeira, a Delta e outras pessoas físicas e jurídicas integrantes do esquema;

e) A existência de outros possíveis operadores de fraudes em licitação como os arquitetado pela Delta em outras regiões do país, cujo modus operandi se assemelha ao utilizado por Carlos Cachoeira;

f) Os contratos firmados entre a Vitapan e os Governos Federal e estaduais, bem como os processos de obtenção e/ou renovação de registros junto à ANVISA; 

g) A cobrança de taxa, atrelada a contratos públicos, pela Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias – Aneor, bem como a informação de que tal taxa estaria ligada a uma combinação de preço entre as empreiteiras em licitações públicas.

h) Os indícios de que o dinheiro desviado de obras públicas e encaminhado a empresas “fantasmas” e/ ou “laranjas”, teria sido utilizado para financiamento ilegal de campanhas eleitorais; 

i) As atividades do banco HSBC no que se refere às medidas de combate à lavagem de dinheiro no Brasil, notadamente nas notificações de movimentações atípicas ao COAF, vez que em investigação realizada pelo Senado Norte Americano, este banco reconheceu ter fragilizado seus métodos de combate a esse crime.


Empresas suspeitas
Os políticos pedem o aprofundamento das investigações das empresas que receberam recursos da Delta  e a possível utilização destas verbas em financiamento de campanhas políticas ou mesmo como lavagem de recursos escusos. Eles relacionaram:

- Comercial GM – Comércio de Pneus e Peças LTDA e Terra Pneus e Lubrificantes LTDA, que possuem como sócios, ex-sócios e/ou representantes legais Alcino de Souza, Fausto José Passaglia Júnior e Fábio Passaglia;

- Mamuti Transporte e Locação de Veículos LTDA, que teria recebido mais de R$ 33 milhões, em quatro anos, sendo que 64% no ano eleitoral de 2010;

- Garra Transportadora e Locação Logística de Veículos LTDA, que recebeu mais de R$ 23 milhões da Delta. A empresa fica em Viana (ES) e os sócios moram no subúrbio do Rio;

- M.B. Serviços de Terraplanagem LTDA que recebeu mais de R$ 33 milhões, entre 2011 e 2012; Ela tem como sócio Bruno Estefânio de Freitas, um contínuo da Delta, o que a torna suspeita de ser empresa de fachada.

A relação inclui também as empresas: B.W. Serviços de Terraplanagem LTDA; J.S.M. Engenharia e Terraplanagem LTDA; Legend Engenheiros Associados LTDA; Power To Ten Engenharia LTDA; Rock Star Marketing LTDA; S.B. Serviços de Terraplanagem LTDA; S.M. Terraplanagem LTDA; S.P. Terraplanagem LTDA; Soterra Terraplanagem LTDA; W.S. Serviços de Terraplanagem LTDA.

Elas, segundo a representação entregue a Gurgel, têm ou tiveram como sócios Adir Assad; Marcelo José Abud;  Mauro José Abud; Sonia Mariza Branco; Sueli Maria Branco; Sandra Maria Branco Malago; Ademir de Jesus; Jucilei Lima dos Santos; Biagio Tschege Ferrari; Waldemar Salvador Filho; e Luis Roberto Satriani. 

Todas elas foram destinatárias de centenas de milhares de reais – especialmente em anos eleitorais – transferidos pela Delta Construções, desde 2006. Várias delas foram abertas no mesmo dia do recebimento do dinheiro, têm como características em comum o baixo capital social e a alta rotatividade entre os sócios. De tempos em tempos, um sócio se retira de uma das empresas e passa a para o quadro societário de outras desse grupo.

Por fim, o documento pede investigações individuais de: Fernando Antônio Cavendish Soares, sócio proprietário da Construtora Delta; Eduardo Siqueira Campos; Luiz Antonio Pagot,ex Diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte – DNIT; Jayme Eduardo Rincon, presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas; Cláudio Monteiro, ex- chefe de gabinete do Governador do Distrito Federal e atual secretário extraordinário da Copa de 2014; Edivaldo Cardoso de Paula, ex- presidente do DETRAN-GO; Rossine Aires Guimarães, empresário, proprietário da Construtora Vale do Lontra; Francisco de Assis Oliveira, contador, apontado pela Polícia Federal como responsável pela abertura de empresas “fantasmas”.

JB

MEC inicia entrega de tablets para professores do ensino médio

O ministro Aloizio Mercadante participou de solenidade que marcou a distribuição dos primeiros tablets entregues no Programa Nacional de Tecnologia Educacional
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, participou, nesta terça-feira, 20, de solenidade que marcou a entrega de 200 tablets a coordenadores estaduais do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo Integrado) e representantes de 18 universidades federais que participam do programa. Os equipamentos são destinados à capacitação de professores. “Há uma demanda explosiva por educação no Brasil. A desigualdade social está na escola”, disse o ministro, no evento realizado em Brasília.

Para Mercadante, começar a capacitação dos professores do ensino médio para uso dos tablets é uma medida estratégica. “Estamos discutindo como melhorar o ensino médio e temos que fortalecer o professor dentro de sala de aula e o melhor caminho é o tablet”, avaliou Mercadante.

Foram licitados dois modelos de tablets: um com 7 polegadas (17,78 centímetros) e outro com 9,7 polegadas (24,638 centímetros). 

As vencedoras foram as empresas brasileiras Positivo e Digibras. Os estados e municípios podem aderir diretamente ao registro de preços, cuja ata terá vigência até junho de 2013.

Foram adquiridos 5 mil unidades de tablets, que servirão para dar início à capacitação pedagógica de professores do ensino médio da rede pública de todo país, no projeto piloto do Proinfo Integrado. 

A entrega dos aparelhos nas escolas será realizada em 2013 e os coordenadores do programa farão os cursos de formação para, em seguida, treinar os multiplicadores, que formarão os professores em cada estado participante.

O modelo de 7 polegadas para distribuição nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste tem um custo aos cofres públicos de R$ 278,90 e, para o Nordeste e Sul, de R$ 276,99. Já o modelo de 9,7 polegadas será adquirido pelos estados pelo valor de R$ 461,99 para o Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste e de R$ 462,49 para Nordeste e Sul. De acordo com o ministro, um tablet de 7 polegadas com as mesmas especificações é vendido no mercado brasileiro por R$ 799, em média.

De acordo com o ministro, com a entrega de novas tecnologias da informação, os professores e as escolas públicas vão poder combinar os equipamentos com as demais mídias. Ele citou o Portal do Professor, onde estão disponíveis cerca de 15 mil aulas criadas por educadores e aprovadas por um comitê editorial do MEC, e frisou que todas as obras literárias e livros didáticos adquiridos pela pasta também estão disponíveis no equipamento.

O Ministério da Educação (MEC) transferiu este ano R$ 117 milhões a 24 estados e Distrito Federal para compra de 382.317 tablets, que serão destinados inicialmente a professores de escolas de ensino médio do país.

Mercadante anunciou também que na próxima sexta-feira, 23, ministros da Educação dos países do Mercosul vão se reunir em Brasília e lançarão um programa de intercâmbio digital.

iG

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Vereador vote a LOA 2013!

ATENÇÃO SERVIDORES:

DESCOBERTO O PRAZO PARA APROVAÇÃO DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA). 30 DE NOVEMBRO É O PRAZO FINAL ESTIPULADO NO REG. INTERNO DA CÂMARA (ART. 142 - PAR. ÚNICO0. E TODO MUNDO FAZENDO SEGREDINHO, SEM NOS PASSAR ESTA INFORMAÇÃO VITAL, PARA TALVEZ EXPIRAR O PRAZO LEGAL.


MAS NÃO TEVE JEITO, DESCOBRIMOS ASSIM MESMO. NÃO ADIANTA, QUANDO QUEREMOS ALGO, NÃO DESISTIMOS ENQUANTO NÃO CONSEGUIMOS O INTENTO.

FAZENDO AS CONTA GENTE: SE A LOA/2013 VAI SER COLOCADA NA 5ª FEIRA (22/11/2013), A EXATAMENTE 08 (OITO) DIAS DE FINDAR O PRAZO, SÓ TEM UM JEITO DE SUA APROVAÇÃO SE DAR ANTES DE 30/11/2012, SE HOUVER UM REQUERIMENTO DE URGÊNCIA FEITO POR UM MÍNIMO DE 04 (QUATRO) VEREADORES. SE NÃO FOR ASSIM BABAU. PORQUE SE ENCAMINHAREM PARA A COMISSÃO DE FINANÇAS NUMA TRAMITAÇÃO NORMAL, NÃO HAVERÁ LOA APROVADA NEM PCCR PRA RECEBER.

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA MUNICIPÁL DE CABO FRIO:


...

Artigo 142 - As Sessões, nas quais se discute o orçamento, terão a Ordem do Dia, preferencialmente, reservada a esta matéria e o Expediente reduzido a 30 (trinta)
minutos contados do final da leitura da Ata.
PARÁGRAFO ÚNICO - A Câmara funcionará, se necessário, em Sessões Extraordinárias diárias convocadas pela Mesa, de modo que a discussão e votação do Orçamento estejam concluídas até 30 (trinta) de novembro.

...

INICIAR NOVA CAMPANHA.
LOA/2013 EM REGIME DE URGÊNCIA.


O que acontece na Faixa de Gaza? Guerra ou massacre?

Diferenças entre as capacidades militares de israelenses e palestinos marcam conflito no Oriente Médio
A atual investida de Israel contra a Faixa de Gaza, denominada de “Pilar Defensivo”, tem como suposto objetivo defender o povo israelense dos mísseis lançados por combatentes do Hamas que atingem o sul do país. Mas será que é apropriado chamar de guerra ou de defesa quando um dos lados é uma superpotência militar e o outro, um grupo político armado sem a organização e a estrutura de Forças Armadas?

É verdade que a organização palestina dispara foguetes contra o território de Israel, mas é preciso analisar a sua verdadeira capacidade militar. Desde que o conflito teve início, na quarta-feira (14/11), três israelenses foram mortos pelos mísseis, enquanto pelo menos 95 palestinos perderam suas vidas e centenas ficaram feridos. Ao longo deste ano, nenhum israelense foi vítima dos projéteis e apenas alguns ficaram feridos em comparação a dezenas de palestinos mortos que, em sua vasta maioria, eram civis.

Os projéteis lançados pelos palestinos procedem de diferentes locais e estão longe de integrar o moderno mercado de armas. Enquanto muitos são produtos domésticos, outros são equipamentos da década de 1990. Com alcance de 6 a 25 milhas, esses mísseis não possuem a tecnologia necessária para mirar alvos no território israelense e acabam por atingir, muitas vezes, terrenos inabitados. Além disso, na maior parte dos casos, os militares israelenses conseguem interceptar os foguetes pelo seu avançado sistema de defesa, mantendo uma taxa de 90% de sucesso nos casos. Nos últimos seis dias, cerca de 740 misseis foram lançados e apenas 30 atingiram Israel.


Além de possuir poucos recursos financeiros, o Hamas encontra grande dificuldade em comprar armas por conta do bloqueio israelense nas fronteiras da Faixa de Gaza. Tudo o que consegue provém de túneis ilegais. O grupo palestino tão pouco possui uma estrutura militar comum às Forças Armadas, com treinamento regular e corpo de oficiais. Seus combatentes não atuam em batalhas, mas sim em ações de guerrilha.


É este o corpo organizacional que uma das Forças Armadas mais potentes do mundo enfrenta hoje. Com orçamento militar anual ao redor dos US$ 12 bilhões, Israel recebe ajuda de US$ 3 bilhões dos Estados Unidos para investir em equipamentos. Jatos de tecnologia militar de última geração bombardeiam a Faixa de Gaza e sistemas de defesa aprimorados derrubam os projeteis.


Há uma imensa assimetria na capacidade de cada um dos lados de infligir danos e sofrimento devido ao domínio militar total de Israel na região. Esse fato transparece no número desproporcional de mortos e destruição afligida. Até agora,
mais de um terço das vítimas palestinas são civis, incluindo crianças e idosos, e o número parece estar apenas aumentando.

Se Israel é tão superior militarmente ao Hamas e em poucos dias já conseguiu destruir grande parte do território palestino, por que realizar uma operação? Se o objetivo das autoridades era atingir o grupo, por que não optar apenas por ações de seu desenvolvido serviço de inteligência contra seus líderes?


Essas perguntas parecem ingênuas, mas, com certeza, foram consideradas pelo governo e pelos chefes de segurança do país, que escolheram deliberadamente a opção militar. Não podemos nos esquecer da afirmação de Eli Yishai, vice-premiê de Israel, de que o objetivo da operação "é
mandar Gaza de volta para a Idade Média".

Longe de ser uma ruptura com a política israelense para a Faixa de Gaza, a nova investida integra as iniciativas de ocupar e sitiar o território palestino que vão desde o
bloqueio econômico e militar à expansão de assentamentos israelenses.

E, para aqueles que não se lembram, essa não é a primeira vez que as Forças Armadas atacam a Faixa de Gaza em uma suposta luta contra o Hamas. Em 2009, as autoridades realizaram a operação “Chumbo Fundido”, que, em apenas 22 dias, deixou 1.434 palestinos mortos, incluindo 1.259 civis.


Até os dias atuais, os palestinos não conseguiram se recuperar desses ataques pela falta de materiais de construção disponíveis, que permanecem bloqueados por oficiais israelenses nas fronteiras. De acordo com relatório das Nações Unidas de setembro deste ano, apenas 25% dos edifícios danificados na investida foram reconstruídos.


Analisando os dados da operação, o professor norte-americano Norman Filkenstein conclui que não houve uma guerra, mas sim um massacre contra o povo palestino. Será que o que estamos assistindo nesses últimos dias na Faixa de Gaza não deve receber essa conotação, em vez de “guerra” ou “ação defensiva”?

 Opera Mundi