domingo, 30 de setembro de 2012

Orçamento socialista taxa mais ricos e empresas

O presidente François Hollande apresentou um projeto de orçamento para 2013 marcado por um nível de arrocho jamais visto nos últimos 30 anos e por um aumento dos impostos que, globalmente, recairá sobre os bolsos das famílias de maior renda e das empresas com maiores lucros.

O socialismo francês acaba de formatar uma versão inédita da disciplina orçamentária: o rigor à esquerda. O presidente François Hollande apresentou ao Conselho de Ministros um projeto de orçamento para 2013 marcado por um nível de arrocho jamais visto nos últimos 30 anos e por um aumento dos impostos que, globalmente, recairá sobre os bolsos das famílias de maior renda e das empresas com maiores lucros.

No total, esse plano qualificado como “orçamento de combate” se articula em torno da arrecadação de 20 bilhões de euros de novos impostos e de 10 bilhões cortados em gastos administrativos. Os 20 bilhões serão pagos, em partes iguais, 10 bilhões os mais ricos e 10 bilhões as empresas mais lucrativas. A essa soma deve-se agregar ainda outros 2,5 bilhões de euros que serão cortados do seguro social.


No total, se se adicionarem os objetivos deste orçamento mais as medidas votadas em julho passado, o Executivo aposta em obter uma arrecadação suplementar de 40 bilhões de euros. O objetivo não é social, mas orçamentário: trata-se de levar o déficit atual, 4,5% em 2012, para 3% em 2013. A meta, no entanto, se apoia em um cálculo de crescimento de 0,8%, uma variável que os economistas julgam demasiado otimista e tão incerta quanto um número de loteria.

O certo é que, após dez anos de governos de direita e de orçamentos conservadores que decapitaram as classes médias e populares, François Hollande elaborou o primeiro orçamento da esquerda. Não há, cabe dizer, nenhuma reorientação substancial. Trata-se sempre de reduzir a dívida e os déficits, mas sem sancionar aqueles que antes pagavam a conta nem desmantelar o pouco que resta do Estado de Bem-Estar.

O Executivo assegurou que os mais de 24 bilhões que serão arrecadados com os novos impostos virão “unicamente de um em cada dez cidadãos e das maiores empresas”. O cálculo está longe de ser verossímil. O primeiro ministro francês, Jean-Marc Ayrault, assegurou quinta-feira que “90% dos franceses, as classes médias e populares, não pagarão mais impostos. O esforço recairá sobre os 10% que têm mais renda e, entre estes, sobre o 1% mais ricos”.

No entanto, a França sabe hoje que todo mundo terminará pagando algo, ainda que desta vez a redistribuição do esforço será mais equitativa porque rompe com a política da vítima única tão comum quando a direita está no poder. A demonstração em cifras mostra que o Executivo socialista apontou suas calculadoras para as pessoas que tem maiores recursos: as pessoas que têm ganhos equivalentes a 150 mil euros (1%, o que equivale a 50 mil contribuintes) pagarão muito mais impostos do que antes. A partir de 250 mil euros os impostos aumentam exponencialmente. A isso se soma uma taxa de 3% que sobe para 4% para quem ganha na casa do meio milhão de euros. As 1.500 pessoas que ganham esta soma pagarão uma taxa excepcional de 75%.

Antes que fosse divulgado o projeto de orçamento para 2013, os empresários franceses lançaram uma ofensiva e questionaram a filosofia da reforma fiscal. O organismo que agrupa o patronato, o MEDEF, vem dizendo que a chave está tanto na redução do gasto público quanto nos custos necessários para manter um posto de trabalho.

A situação da França é complexa. Há hoje mais de 3 milhões de desempregados e um crescimento que está estagnado. François Hollande deve, ao mesmo tempo, cumprir suas promessas de justiça social sem perder de vista a dívida e o déficit. O contexto, porém, é adverso. O Instituto Nacional de Estatística (INSEE) revelou esta semana que durante o segundo trimestre de 2012 a economia teve um crescimento nulo. O ex-presidente liberal Nicolas Sarkozy saiu em maio passado, mas deixou uma dívida colossal. Nos cinco anos de seu mandato, a dívida passou de 64% do PIB para 91%. François Hollande disse nesta sexta-feira que o país teve “600 bilhões de dívida suplementar durante o último quinquênio. Eu me comprometo a que, no final de meu mandato, não haja nenhum euro a mais”.

A dívida da França tem repercussões enormes. Segundo explicou o governo, o que se cortará e o que se arrecadará no ano que vem servirá apenas para pagar os juros dos empréstimos contraídos, a saber, cerca de 46 bilhões de euros. A missão de François Hollande se parece com a de um desses filmes norteamericanos onde o herói tem que fazer um monte de proezas impossíveis para sobreviver e seguir sendo herói: o chefe de Estado tem que acalmar os mercados, a Alemanha e a Comissão Europeia, zelosa guardiã dos interesses liberais; ao mesmo tempo, Hollande deve corrigir o caminho traçado pela direita que governou durante a última década e manter vivo o moribundo Estado de Bem-Estar. E como se isso não fosse o bastante, também precisa ser fiel aos compromissos de igualdade, justiça e solidariedade.

O primeiro orçamento socialista modifica o que foi realizado até agora pela direita: dois terços das arrecadações virão do aumento dos impostos para os ricos e as empresas, o que implica o fim de numerosas isenções fiscais aprovadas pela direita para essa categoria. O terço final sai dos cortes nos gastos administrativos.  

Com exceção dos ministérios da Educação, Justiça e Segurança, todos os demais entraram no regime de cortes. Os socialistas estão produzindo um novo filme: “Os caçadores das arcas vazias”. Por enquanto a conta será paga pelos ricos. No entanto, só se conheceu o primeiro capítulo de uma produção que pode trazer muitas surpresas. Os fundos não saem do nada e é muito possível que, de alguma forma, todo mundo termine pagando algo.

Carta Maior

Pescaria de almas!


Amigo não se compra!

Adotar faz um bem danado... para quem adota! rsrsrs


sábado, 29 de setembro de 2012

Exército e Marinha enviam tropas para eleições no Rio

Desembarque começa a partir de amanhã, por determinação do TSE
Rio de Janeiro vai receber a partir de amanhã (29) tropas do Exército e da Marinha para reforçar a segurança em áreas ainda não pacificadas do estado. Além dos bairros da zona oeste da capital, as tropas serão enviadas aos municípios de Magé, São Gonçalo, Itaboraí, Rio das Ostras, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes e Macaé. A decisão foi tomada ontem pela maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
As tropas desembarcam no Rio uma semana antes das eleições municipais do dia 7. A presidenta  do tribunal, Cármen Lúcia, reuniu-se com o ministro da Defesa, Celso Amorim, para conversar sobre o tema. As tropas atuarão durante o dia e a população será avisada que o objetivo da ação é garantir a tranquilidade nas eleições e que não há fins de pacificação.

O TSE já autorizou o envio de homens da Força Nacional de Segurança para 143 municípios em nove estados (Amazonas, Amapá, Alagoas, Maranhão, Pará, Paraíba, Tocantins, Sergipe e Rio de Janeiro). O tribunal recebeu, até o começo desta semana, 474 pedidos.  No caso do Rio, de acordo com plano do Ministério da Defesa e do TSE, os fuzileiros navais ficarão no conjunto de favelas que forma o Complexo da Maré.

Para o envio de tropas federais, são alocados recursos específicos. Porém, a decisão tem de ser avalizada pela presidenta Dilma Rousseff. Se a medida for aprovada pela presidenta, a  decisão é encaminhada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) que passa a informação para o Ministério da Defesa.

No período em que as tropas estiverem nas comunidades, funcionários da Justiça Eleitoral irão atuar para combater eventual propaganda irregular e os candidatos poderão fazer campanha. A atuação das tropas federais no Rio termina no fim da apuração, no domingo (7).

“Tanto o TRE-RJ quanto o TSE querem que as pessoas possam, livremente, se expressar - quer os candidatos quer os eleitores - garantindo a liberdade democrática que vivemos no Brasil”, disse Cármen Lúcia. “[A ideia é fazer algo similar ao que ocorreu nas eleições municipais de 2008] com pequenos ajustes, mas não será inovador”, acrescentou Celso Amorim.

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Na Espanha populção se manifesta para resgatar a democracia!

A iniciativa “Cercar o Congresso” mobilizou milhares de pessoas que se insurgiram contra as medidas de austeridade e exigiram a demissão do governo de Rajoy
Os manifestantes concentraram-se, na sua maioria, na Praça Neptuno, nos arredores da Câmara dos Deputados, durante o plenário que desta terça-feira. Para o local, foi mobilizado um significativo contingente policial, composto por 1.300 agentes da polícia de choque, oriundos de 30 dos 52 grupos operacionais das Unidades de Intervenção Policial de toda a Espanha. O local foi ainda patrulhado por polícias a cavalo e por policiais acompanhados de cães.
 
Alguns elementos teriam tentado transpor as barreiras policiais e arremessado alguns objetos contra a polícia de choque, ao que estes responderam com inúmeras investidas indiscriminadas contra os manifestantes, recorrendo a balas de borracha e a gás lacrimogéneo. Ainda assim, a polícia de choque não conseguiu dispersar todas as pessoas que se concentraram no local.

No início da noite, a imprensa espanhola dava conta da detenção de mais de duas dezenas de pessoas, sendo que o primeiro detido foi um manifestante que escalou a barreira de segurança para tentar hastear uma bandeira do Sindicato Andaluz de Trabalhadores. Os repórteres contabilizavam também mais de 60 feridos. Uma das vítimas da repressão policial encontra-se em estado grave.

Durante o protesto, os deputados do Bloco Nacionalista Galego (BNG), da Compromís, de Valência, e da Izquierda Unida foram os únicos a se aproximar e conversar com os manifestantes.


“Resgatar a democracia”

Esta iniciativa, convocada pelos coletivos Plataforma ¡En Pie! e Coordinadora #25s, constituiu uma “resposta aos cortes do governo e ao sequestro da democracia” em favor dos grandes interesses financeiros.

No dia 25 de setembro, “rodeamos a Câmara dos Deputados para resgatá-la de um sequestro que converteu esta instituição num órgão supérfluo”, anunciaram os promotores da iniciativa, adiantando que este “sequestro da soberania popular é levado a cabo pela troika e pelos mercados financeiros e é executado com o consentimento e a colaboração da maioria dos partidos políticos”, que “traíram os seus programas eleitorais, os seus eleitores e a cidadania em geral, não cumprindo promessas e contribuindo para o empobrecimento progressivo da população”.

“Rodeamos o Congresso para dizer-lhes” que “não obedeceremos às suas imposições injustas, como a de pagar a sua dívida, e que defenderemos os direitos coletivos: a habitação, a educação, a saúde, o emprego, a participação democrática, o rendimento. Para iniciar um processo que permita que os responsáveis da crise deixem de ser impunes, para que os pirômanos que provocaram a nossa crise não sejam recompensados e comecem, em alternativa, a ser julgados”.

No manifesto de convocação do “Cerco ao Congresso”, é exigida a demissão do governo, assim como a dissolução do Parlamento e do Conselho de Estado, e a abertura de um “processo constituinte transparente e democrático”, a fim de redigir uma nova Constituição. São ainda reivindicadas medidas como: uma auditoria da dívida pública espanhola, a reforma da lei eleitoral, uma profunda reforma fiscal e a derrogação imediata dos cortes e de todas as reformas contra o estado de bem-estar, que “pressupõem restrições de direitos e liberdades da cidadania”.

Várias outras cidades espanholas foram também palco de concentrações. Em Barcelona, o coletivo “Acampada de Barcelona” – associado ao movimento 15 M – promoveu o protesto “cercar o parlamento” regional.

Revista Fórum

A odisseia de Carajás

O trem de Carajás é o maior do mundo. Todos os dias ele faz 24 viagens de ida e volta entre a mina de Carajás, no coração do Pará, e o porto da Ponta da Madeira, no litoral do Maranhão. Percorre quase 900 quilômetros em cada viagem, com duração de 18 horas. Sua passagem por qualquer ponto demora quatro minutos. Ele tem quatro quilômetros de comprimento.

Cada trem, com 300 vagões de 80 toneladas, arrasta 24 mil toneladas. Ao final de um dia transporta 576 mil toneladas do melhor minério de ferro do mundo, com pureza de mais de 65% de hematita, sem igual na crosta terrestre. É o equivalente à carga de 17 mil caminhões pesados.

Essa carga diária vale quase 60 milhões de dólares quando chega ao seu destino. Dos 100 milhões de toneladas que Carajás produziu (exportando quase tudo) no ano passado, 80% tomaram a direção da Ásia: 60% para a China e 20% para o Japão.

O minério de ferro se tornou o principal item da pauta de exportação recorde do Brasil. Só Carajás permitiu o ingresso de quase US$ 9 bilhões líquidos no caixa do Banco Central no ano passado (e há ainda outros minérios cada vez mais importantes em Carajás: níquel, cobre e manganês).

A ex-estatal Companhia Vale do Rio Doce, que explora a mina, se tornou a maior empresa privada do Brasil, do continente e a segunda maior mineradora do mundo. É responsável por 10% da balança comercial brasileira. A maior parcela da sua receita vai ser extraída cada vez mais de Carajás. Ainda nesta década a produção de minério de ferro estará mais do que duplicada.

O incremento do ritmo de produção de Carajás é um dos processos mais impressionantes da história contemporânea do Brasil. A grande província levou 15 anos para produzir os primeiros 500 milhões de toneladas de minério de ferro. Outros 500 milhões foram alcançados nos sete anos seguintes — em menos da metade do período anterior, portanto.

Esse mesmo volume foi registrado nos últimos cinco anos. E com a entrada em operação da nova mina, ao sul da atual, a produção de 500 milhões de toneladas será batida a cada três anos. Significa dizer que antes da metade desta década a produção acumulada de Carajás chegará a dois bilhões de toneladas.

A jazida é de 18 bilhões de toneladas, do minério top ao menos rico. No ritmo máximo inicialmente previsto, de 25 milhões de toneladas, levaria quase 800 anos para ser esgotada. Na intensidade que terá a partir de 2017, quando a duplicação estará feita, a melhor concentração do minério mais usado pelo homem só durará mais 80 anos. Não haverá mais Carajás quando o século XXII estiver começando. Grande parte desse ferro terá sido transformada em construções e produtos na China, que tem um terço da produção siderúrgica mundial. Ou, quem sabe, ainda estará guardada em seu território para uso futuro.

Essa empreitada de escala mundial adquirirá uma dimensão sem igual na história do aproveitamento de um recurso natural no Brasil. Para haver a duplicação, já em fase de execução, aos trens em operação, equivalentes a 17 mil caminhões diários, terão que ser acrescidos o equivalente a 37 mil caminhões diários. No total, trens que substituem 54 mil caminhões trafegando todos os dias, para dar uma ideia mais visualizável pelo cidadão brasileiro em sua civilização ainda rodoviária.

Para que Carajás atinja a escala de 230 milhões de toneladas por ano, a Vale precisará investir 40 bilhões de reais, sendo R$ 16,5 bilhões na mina e R$ 23,5 bilhões na logística, da qual o principal item é a duplicação da ferrovia, pela qual circula o maior trem de carga do mundo.

No dia 30 de julho as obras de duplicação da ferrovia foram interrompidas por decisão liminar de um juiz federal do Maranhão. No dia 13 de setembro o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendeu os efeitos da decisão e as obras prosseguiram.

Em 30 dias de paralisação a Vale disse ter perdido 40 milhões de reais e foi sobrestado um financiamento de R$ 3,9 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Esse seria o prejuízo já criado, mas muitos outros surgiriam se a medida fosse mantida, obrigando a demissões, corte de investimentos e muitas outras repercussões, inclusive internacionais.

O movimento pendular de suspensão e reativação de grandes obras pela justiça já é um acidente de percurso desses projetos, por seus impactos locais. No caso, estão em questão os interesses de remanescentes de índios, os Awa Guajá, e de 86 comunidades quilombolas estabelecidos às margens da ferrovia.

O juiz federal Ricardo Macieira ficou convencido pelos argumentos de entidades que representam esses grupos de que é preciso recomeçar o processo de licenciamento desde o início para que índios e quilombolas sejam ouvidos e digam se concordam com a obra. Enquanto isso não ocorrer, a duplicação da ferrovia não poderia prosseguir.

A Vale conseguiu demonstrar ao desembargador federal Mário César Ribeiro que a duplicação é apenas a interligação de pátios de estacionamento que já existem, nos quais os trens aguardam para retornar ao trilho principal, sem expandir a faixa de domínio da ferrovia, em operação desde 1985; que o processo de licenciamento, iniciado em 2004, percorreu todos os caminhos administrativos e está enquadrado na legislação; e que os próprios quilombolas fizeram um acordo em juízo que lhes garante os direitos de acompanhar as obras e se protegerem.

O debate e as medidas pró e contra a obra poderão prosseguir, mas nem tocarão na questão principal: o Brasil aceita a decisão da Vale de acelerar ao máximo a extração do minério de Carajás e esgotar a mais preciosa jazida de ferro do mundo em um século?

Yahoo!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estado Moderno: separação entre política e religião

O surgimento do Estado Moderno consagrou a separação entre política e religião. Os imperativos religiosos desgastaram-se para ordenar a vida social. O religioso passa a ser um sentido dentre outros. Obra da razão dos indivíduos: formas de organização social.  O Estado moderno foi concebido a imagem e semelhança dos seus artífices. A legitimidade da ordem social passa a ser obtida não mais pelas explicações teológicas, e sim pelo ordenamento jurídico.

Dizem alguns que na chamada Idade Média o mundo jazia em densas trevas. E disse o homem: Haja luz! E eis que foi formado o Estado Moderno. A Era das Luzes teria sido a inequívoca asseveração de que o indivíduo era dono de si e senhor do seu destino. O ocaso da tutela eclesiástica sobre a vida civil.

Na contemporaneidade, a presença do fenômeno religioso na arena política soa como realidade desconcertante. Para alguns, essa intromissão chega a atordoar as estruturas do Estado Moderno.

Na eleição presidencial nos Estados Unidos (novembro de 2012) para a escolha dos eleitores entre Barack Obama (Partido Democrata) e Mitt Romney (Partido Republicano) o fator religioso é uma variável importantíssima.

Tratando-se das eleições domésticas para prefeitos e vereadores das cidades brasileiras (outubro de 2012), para onde olharmos, constataremos que o fenômeno religioso soa como argumento usual. Nas grandes capitais ocorrem os conluios entre partidos políticos e grupos religiosos. Nas cidades pequenas, de relativa proximidade dos candidatos com o eleitorado, não é incomum a presença do político nos atos de culto. Cenas hilárias de um ecumenismo eleitoral que nos faz pensar na narrativa bíblica da Torre de Babel: erguem grandes construções para tornar seus nomes célebres. Mas, efetivamente, na feira de vaidades, ninguém se entende. Símbolos cruzados.

A presença religiosa na esfera pública seria a fase do retorno da religião para o espaço político ou tal separação jamais houve na história do Brasil? O Estado Moderno estaria com as suas estruturas abaladas diante da reverência do fenômeno político ao religioso? No Brasil contemporâneo, quando uma vez mais celebramos o ritual democrático de irmos às urnas fazer escolhas, constatamos que as manifestações sociais estão impregnadas do religioso. retorno do religioso traz desconforto às ciências sociais?

Valdemar Figueiredo Filho

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Cachorros da direita ultraconservadora!

Brasil conquista duas medalhas de ouro em olimpíada de astronomia

Competição latino-americana foi realizada em Barranquila, na Colômbia.  Estudantes tiveram de fazer provas teóricas e práticas.

Dois estudantes brasileiros ganharam medalhas de ouro na Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), realizada neste domingo (23), em Barranquilla, na Colômbia. Amanda Seraphim Pedarnig, estudante de Valinhos (SP), e Weslley de Vasconcelos Rodrigues da Silvam de Teresina (PI), ficaram com o prêmio máximo da competição que reuniu jovens de oito países da América Latina.

Outros três estudantes, Larissa Fernandes de Aquino, de Olinda (PE), Luis Fernando Machado Poletti Valle, de Guarulhos (SP) e Victor Venturi, de Campinas (SP), conquistaram medalhas de prata. A equipe foi liderada pelos professores João Garcia Canalle e Julio Cesar Klafke.

Os estudantes tiveram de participar de prova teórica, prática, lançamento de foguetes e reconhecimento das estrelas no céu, além de manuseio de telescópio. Algumas provas foram feitas misturando os alunos das delegações.

Durante o evento, os participantes conheceram o Planetário de Barranquilla, o Centro Interativo de Ciência Combarranquilla, a Universidade Livre, a Berckley International School e o Museu do Caribe.

G1

NASA começa a trabalhar em uma dobra espacial !!!

"Sr. Scotty, fator de dobra 4... acionar!"
“Talvez uma experiência Star Trek antes de nós morrermos não seja uma possibilidade remota.” Essas são palavras do Dr. Harold “Sonny” White, Chefe do Tema de Propulsão Avançada do Engineering Directorate da NASA. O Dr. White e seus colegas não só acreditam que uma versão na vida real da dobra espacial seja teoricamente possível; eles já começaram a trabalhar na criação de uma.

Sim. Uma dobra espacial de verdade, Scotty.

Quando o assunto é exploração espacial, ainda somos homens das cavernas. Chegamos à Lua e mandamos alguns robôs durões a Marte. Nós também já temos aquelas portas automáticas que se abrem suavemente quando alguém chega perto, mas isso é tudo. É legal, mas estamos longe de ser a civilização espacial de que precisaremos se quisermos sobreviver por milênios.

Com as nossas tecnologias de propulsão atuais, as viagens interestelares são impossíveis. Mesmo com tecnologia experimental, como propulsores de íon ou uma nave cuspindo loucamente explosões nucleares, seriam necessárias quantidades colossais de combustível e massa para chegar a qualquer estrela próxima. E o pior: levaria décadas (séculos, talvez) para cumprir o trajeto. A viagem seria inútil para os que ficassem. Apenas aqueles que embarcassem na procura por um novo sistema estelar colheriam os frutos desse gigantesco esforço. Simplesmente não é algo viável.

Assim, precisamos de alternativas. Uma que nos permita viajar de forma extremamente rápida sem quebrar as leis da física. Ou como diz o Dr. White: “queremos ir, muito rápido mesmo, enquanto observamos o 11º mandamento: Não ultrapassarás a velocidade da luz.”

Procurando por bolhas de dobra

A resposta reside precisamente naquelas leis da física. O Dr. White e outros físicos encontraram brechas em algumas equações matemáticas — brechas que indicam que saltar no tecido espaço-temporal pode sim ser possível.

Trabalhando na NASA Eagleworks, uma operação à parte dentro do Centro Espacial Johnson, da NASA, a equipe do Dr. White está tentando provar essas brechas. Eles “iniciaram um teste com interferômetro que tentará gerar e detectar uma instância microscópica de uma pequena bolha de dobra” usando um instrumento chamado Interferômetro de Campo de Dobra White-Juday.

Isso pode soar como algo pequeno agora, mas as implicações da pesquisa são enormes. Em suas próprias palavras:
“Embora isso seja apenas uma pequena instância do fenômeno, ela será uma prova real da ideia de perturbar o espaço-tempo — um momento ‘Chicago-Pile’, como ele foi. Lembre-se que dezembro de 1942 viu a primeira demonstração de uma reação nuclear controlada que gerou enormes meio watt. Essa prova de existência foi procedida de um reator de cerca de quatro megawatts em novembro de 1943. A prova de existência da aplicação prática de uma ideia científica pode ser o ponta-pé inicial para o desenvolvimento da tecnologia.”
Ao criar uma dessas bolhas de dobra, o motor da aeronave comprime o espaço à frente e expande o espaço atrás, movendo-se para outro local sem estar se movimentando de fato e deixando de lado os efeitos adversos de outros meios de viajar. De acordo com Dr. White, “ao aproveitar a física da inflação cósmica, as naves do futuro criadas para satisfazer as leis dessas equações matemáticas talvez serão capazes de chegar aos lugares de forma impensavelmente rápida — e sem os efeitos adversos.”

Ele diz que, se tudo for confirmado nesses testes práticos, nós poderemos criar um motor que nos levará à Alfa Centauro “em duas semanas se medido por relógios aqui na Terra.” O tempo será o mesmo na nave e na Terra, ele afirma, e não haverá “forças de marés dentro da bolha, nenhum problema inesperado e a aceleração de fato será zero. Quando você liga o campo, ninguém será jogado para fora da nave — o que seria uma viagem bem curta e triste.”

O problema da energia, resolvido

Havia apenas um problema com isso tudo: de onde a energia viria? Embora soubéssemos que dobras espaciais eram teoricamente possíveis, os físicos sempre argumentaram que seria necessária uma bola de matéria exótica do tamanho de Júpiter para gerar a energia. Claramente, isso não seria viável. Mas felizmente o Dr. White encontrou a solução que muda o jogo completamente.

A equipe da Eagleworks descobriu que a energia necessária é muito menor do que se pensava. Se eles otimizarem a espessura da dobra espacial e “oscilar sua intensidade para reduzir a rigidez do espaço tempo,” eles serão capazes de reduzir a quantidade de combustível para uma tangível: em vez de uma bola de matéria exótica do tamanho de Júpiter, será preciso apenas 500kg para “mandar uma bolha de 10 metros a uma velocidade efetiva de 10c.

Dez c! Isso é dez vezes a velocidade da luz, galera (lembre-se, a nave em si não viajaria mais rápido que a velocidade da luz. Mas efetivamente, pareceria que sim).

Isso quer dizer que poderíamos visitar Gliese 581g — um planeta similar à Terra, 20 anos-luz distante do nosso — em dois anos. Dois anos não é nada. A Magellan levou três anos para circunavegar o nosso planeta — de agosto de 1519 a setembro de 1522. Uma viagem de quatro anos para ver um planeta como a Terra é completamente realizável. E ainda existem locais mais próximos para onde podemos mandar robôs e astronautas.

A coisa mais importante aqui é que há uma porta aberta para diferentes tipos de exploração. Que, como o Dr. White diz, "talvez uma experiência Star Trek antes de nós morrermos não seja uma possibilidade remota.” É possível que estejamos testemunhando o início de uma nova era da exploração espacial, uma que finalmente nos levaria do nosso pálido ponto azul para onde nós pertencemos.

Gizmodo

Políticas de inclusão dos jovens na escola fracassam.

Dados do IBGE mostram que políticas públicas para incluir a juventude no sistema educacional fracassam

Número de jovens de 15 a 17 anos fora da escola aumentou


Colocar todos os brasileiros de 15 a 17 anos na escola é o maior desafio a ser superado para que a Emenda Constitucional 59 seja cumprida. A lei determina que, até 2016, todas as crianças e adolescentes com idades entre 4 e 17 anos sejam matriculados no sistema educacional. Em vez de voltar à escola, a população jovem tem se afastado ainda mais dela.
 
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a quantidade de adolescentes de 15 a 17 anos longe dos bancos escolares aumentou. Em 2009, 1.479.000 de brasileiros nessa faixa etária não estudavam. Eles representavam 14,8% dessa população. No ano passado, o número de excluídos subiu para 1.722.000 (16,3% dos 10,5 milhões de jovens).

Os números representam um revés à tendência observada nos anos anteriores, quando a taxa de escolarização dos jovens melhorava. Apesar de quase a metade estar fora da etapa escolar correta para sua faixa etária, era crescente o número de adolescentes que permaneciam matriculados nas redes de ensino. Em 2008, 84,1% da população entre 15 e 17 anos frequentava os colégios brasileiros. No ano seguinte, a porcentagem subiu para 85,2%. Em 2011, ela caiu para 83,7%.


Dificuldade é maior para os mais pobres

A realidade é ainda mais cruel com os jovens brasileiros que vivem nas famílias mais pobres. Enquanto 81,6% dos que não possuem renda familiar ou recebem até um quarto de salário mínimo per capita estudam, 87,8% dos que ganham um salário mínimo ou mais por pessoa da família estão matriculadas nas redes de ensino. É na Região Sul que a situação dos adolescentes é pior: 17,8% dos brasileiros com idade entre 15 e 17 anos estão fora da escola.

O IBGE não divulgou os dados que mostram com precisão quantos estudantes estão na série correta para a idade que possuem. No entanto, há pistas sobre o quão atrasados eles estão. Dos 5,5 milhões de alunos com 16 ou 17 anos, 1,5 milhão ainda cursava o ensino fundamental, etapa que deveriam ter concluído aos 14 anos. O número seria maior se fossem incluídos nas contas os adolescentes de 15 anos, mas não há dados específicos sobre eles ainda.

Outro sinal de que a educação para a juventude é falha está na média de anos de estudo da população brasileira. Os adolescentes de 15 a 17 anos possuíam 7,5 anos de estudo, em média, em 2011, enquanto deveriam ter completado, pelo menos, oito anos de estudo do ensino fundamental. A instrução média dos brasileiros não mudou quase nada em dois anos. Em 2009, a população com mais de 10 anos de idade possuía, em média, 7,2 anos de estudo. Em 2011, o número subiu para 7,3.

Em compensação, a quantidade de brasileiros que conseguiu estudar pelo menos 11 anos aumentou de 53 milhões para 58,5 milhões. Porém, no outro extremo, os dados da PNAD voltam a assustar: há 19,2 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade (11% do total) sem instrução e com menos de um ano de estudo.


Mais crianças na escola

Enquanto a situação dos jovens – considerada o grande gargalo da educação no País – não melhora, a das crianças avança, mesmo que lentamente. A taxa de escolarização dos brasileiros de 6 a 14 anos de idade foi de 98,2% em 2011, um aumento de 0,6 ponto percentual em relação a 2009. Nas famílias com renda familiar mais alta, o índice chega a 99,2%. Apesar da quase universalização, ainda não se chegou ao que a lei exige: todas as crianças nessa etapa devem estar na escola.

A taxa de escolarização das crianças de 4 ou 5 anos subiu quase 3 pontos percentuais, passando de 74,8% em 2009 para 77,4% em 2011. A diferença de renda, porém, mais uma vez, influencia diretamente a presença dessas crianças na escola. Entre as que vivem nas famílias sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar inferior a um quarto de salário mínimo por pessoa, o percentual de escolarização baixa para 69,1%. E sobe entre os filhos das famílias com melhores condições financeiras: 88,9%.

A maior parte das matrículas da educação básica continua na rede pública de ensino. Há 42.186.000 de alunos nas escolas (da pré-escola ao ensino médio) de federais, estaduais e municipais, enquanto a rede privada atende a 11,5 milhões de estudantes. O maior percentual de matrículas dos colégios particulares está na pré-escola (26,5%). Em relação às creches, não houve alteração significativa nos percentuais de atendimento. Em 2011, a rede pública atendia 65,3% das crianças e, em 2009, 65,6%. Há 2,8 milhões de crianças matriculadas em creches.

O Dia

TRE do Rio aprova candidatos ficha suja, desde que sejam da base aliada de Sergio Cabral.

Com a publicação  da denúncia de julgamentos contraditórios no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, para beneficiar candidatos do PMDB e da base aliada, começaram a surgir mais evidências desse favorecimento.

Citamos aqui o caso do candidato que lideras as pesquisas em Petrópolis, Rubens Bomtempo, que teve seu registro cassado pelo TRE, sob justificativa de que não conseguiu aprovação de suas contas junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), apesar de seus respectivos processos ainda estarem em tramitação, sem transitar em julgado.

Mostramos que o TRE fluminense está julgando com dois pesos e duas medidas, pois outros candidatos estão sendo aprovados, mesmo tendo suas contas rejeitadas no TCE e com processos já transitados em julgado.

É exatamente a situação do candidato do PMDB, Ricardo Queiroz, ex-prefeito de Maricá, que teve as contas reprovadas pela Câmara de Vereadores e foi condenado pelo TCE. Ele recorreu e vai disputar a prefeitura de Maricá, mesmo sendo comprovadamente ficha suja. Leia-se o que diz a decisão do TRE sobre Ricardo Queiroz:

“Todavia, não se pode olvidar que o impugnado, na qualidade de ordenador de despesas, nos autos dos processos n° 271932-0/03, 222656-9/05 e 217211-2/07, teve três contas rejeitadas, por decisão irrecorrível do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, tendo sido comunicado da decisão, conforme certidão do TCE de fls. 514/516. Frise-se que os recursos de reconsideração interpostos não foram conhecidos pelo TCE.”
“Decisão Plenária

Acórdão em 11/09/2012 – RE Nº 14534 JUIZ LEONARDO ANTONELLI

POR UNANIMIDADE, PROVEU-SE O RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. PUBLICADO EM SESSÃO.”

 
CASO A CASO
A decisão do TRE é injustificável, porque o tribunal não está apresentando um padrão de conduta único, variando sua posição caso a caso, circunstância que abala a credibilidade dos julgamentos. Por exemplo, o candidato à Prefeitura de Itatiaia Almir Dumay (PR) teve seu pedido de registro indeferido pela 198ª Zona Eleitoral, porque suas contas foram rejeitadas em decisões irrecorríveis do Tribunal de Contas do Estado, datadas de 2009 e de 2010.

Dumay figura como réu em mais de 15 ações civis públicas propostas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e também não apresentou certidão de antecedentes criminais, condição de elegibilidade prevista pela Resolução 23.373/11 do Tribunal Superior Eleitoral. Mesmo assim, acabou tendo sua candidatura confirmada pelo TRE.

Ou seja, candidato ficha suja é permitido, desde que seja do PMDB ou da base aliada do governo Sergio Cabral.

Carlos Newton  Tribuna

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A ditadura corrupta de Cabral


A situação institucional no Estado do Rio de Janeiro é gravíssima

Talvez nem mesmo nos tempos da ditadura militar houve um controle sobre o aparato institucional do Estado, como esse que Cabral vem fazendo em troca de dinheiro e favores. 

A certeza da impunidade é tão grande que chegamos a absurdos como um juiz de primeira instância proibir um deputado federal no exercício do seu mandato de citar o nome do presidente da ALERJ, aliado de Cabral. Nem mesmo os discursos na tribuna da Câmara sobre as falcatruas desse cidadão que não posso falar o nome podem ser divulgados no blog. Isto é ou não é uma ditadura?

Na Justiça Eleitoral não é diferente. Pelos mesmos motivos jurídicos, aliados do governador têm seus registros deferidos enquanto os adversários são indeferidos. Não há mais coerência, jurisprudência, Lei Eleitoral. Virou um jogo de interesses. A coisa chegou a tal ponto que um candidato prejudicado por uma decisão vergonhosa do TRE - RJ registrou em cartório que o voto contrário ao seu processo dado por uma determinada desembargadora foi em troca da promoção de sua filha a desembargadora na lista tríplice que vai para o governador. Isso é um escândalo.

Somado a esse quadro de apodrecimento institucional temos uma imprensa aliciada, domesticada pelos milhões que saem dos cofres da prefeitura do Rio e do governo do Estado.


Até mesmo intelectuais que resistíram a lavagem cerebral da ditadura estão fechando os olhos para o mar de lama de Cabral e Eduardo Paes.


Aviso aos navegantes: tudo tem limites, e as consequências do que está acontecendo no Rio de Janeiro vão ser muito graves para aqueles que estão participando e promovendo essas barbaridades.


Nos últimos dias tenho tido relatos do que vem ocorrendo nos bastidores da Justiça Eleitoral do estado com a conivência de outros órgãos, inclusive daqueles responsáveis por fiscalizar o cumprimento da lei.


Em todos esses anos que participo da vida pública jamais vi tamanho terrorismo, perseguição no campo político. Cabral implantou um modelo de gestão mantido a dinheiro, favores e muita corrupção. A sociedade precisa reagir e explodir essa bomba. Hoje somos nós os perseguidos, eu e meu grupo político, mas amanhã serão outros.

Garotinho

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O alvo é Dilma em 2014

O PT vai despertando de um transe que fez com que acreditasse que seria sustentável para a democracia brasileira conviver com monstrengos como esses impérios de comunicação que cada vez mais vão se tornando uma espécie de jabuticaba, porque, em breve, só existirão no Brasil. E há quem acredite que esse despertar já chegou até à presidente da República.

Ao Sul da América do Sul, porém, a semana começa com uma notícia que exige muita reflexão: até dezembro, os oligopólios de mídia argentinos, a começar pelo Grupo Clarín (a Globo argentina), terão que se desfazer de considerável parte de seus impérios no âmbito da entrada em vigor de uma lei da mídia idêntica à que existe em qualquer parte do mundo desenvolvido.

É um avanço imenso, impensável no Brasil. Afinal, em nenhum país civilizado existem grupos de comunicação que operam em todas as plataformas de mídia (televisão aberta e a cabo, rádio, jornais, revistas e portais de internet) como ainda ocorre em vários países latino-americanos, ainda que boa parte deles já esteja impondo regras a essa orgia comunicacional.

O resultado desse remanescente gigantismo e dessa voracidade por verbas públicas dos grandes grupos empresariais de comunicação todos estão vendo no Brasil. Cada vez mais, essas aberrações vão atuando como um poder paralelo ao do Estado – e, muitas vezes, prevalente.

Há pouco, ocorreu um fenômeno que só é possível em uma nação em que a comunicação não tenha regras e na qual um minúsculo grupo de grandes empresas de mídia consiga sufocar a pluralidade exigível em setor tão vital. Um veículo de imprensa escrita fez uma acusação grave a um ex-presidente da República, não apresentou uma só prova e essa acusação passou a ser vendida pelos outros três grandes impérios midiáticos e seus tentáculos como se fosse fato inquestionável.

Reflitamos sobre quantos veículos há hoje no Brasil com poder de:
1 – Pautar a Suprema Corte de Justiça e o Ministério Público, fazendo com que acusem e condenem sem provas seus adversários políticos.

2 – Fazer acusações gravíssimas aos adversários políticos sem apresentar uma só prova e sem responder por calúnia e difamação, porque qualquer reação é chamada de “censura”.

3 – Mandar repórter invadir até o quarto de dormir de adversários políticos.

4 – Manter fora do alcance de investigações funcionários envolvidos com o crime organizado.

A CPI do Cachoeira, por exemplo, irá investigar jornalistas envolvidos no esquema. Contudo, serão só os de pequenos veículos de Goiás. Ou seja: a licença para delinqüir em nome da “liberdade de imprensa” não é para a imprensa, mas só para algumas empresas de comunicação.

Essas empresas escolhidas (pelo tamanho e pelo poder econômico) põem seus funcionários para agredir as mais altas autoridades da República tecendo histórias que não provam e intimidando os agredidos com acusações de “censura”. E ninguém faz nada.

Os juízes do Supremo José Antônio Dias Tóffoli e Ricardo Lewandoski vêm sendo acusados, insultados, ridicularizados e até caluniados por funcionários de Veja, Globo, Folha e Estadão em suas “colunas” impressas e em “blogs” corporativos.

O ex-presidente Lula, que como todo ex-presidente deveria ser tratado com um mínimo de respeito, ainda que não esteja acima de críticas, foi insultado pesadamente por um colunista. Não houve uma acusação, houve xingamento puro e simples. É tratado como um criminoso condenado assim, abertamente.

Minha mulher pergunta “Como é que pode?”. Podendo, respondo. Ela quer saber se ninguém pode fazer nada. Digo que só quem poderia fazer é Lula e ele não processa ninguém. Não faz como Serra, que processou o autor de Privataria Tucana. E se processasse não adiantaria nada porque Veja tem muito dinheiro e, se condenada, paga a indenização e pronto.

Agora, se Lula entrasse na Justiça contra o tal colunista que só faltou xingar sua mãe, o processo demoraria anos e anos e, ao fim, a empresa que o emprega, paga. Garantir proteção aos seus pistoleiros é vital para que ataquem sem medo.

A classe política, o Judiciário, o Legislativo, o Executivo, todos se borram de medo de uma máquina que conta com uma horda de arapongas pronta a devassar a vida de qualquer um usando escutas ilegais, invasão de domicílio, chantagem e o que mais se puder imaginar.

E se a mídia não acha nada, inventa. E se não conseguir inventar, apela à ridicularização e à injúria, gerando desgaste emocional e destruindo o ambiente social de seus alvos. Imagine o sujeito que sai na capa da Veja ou da Folha, como lida com vizinhos, amigos, parentes, colegas de trabalho etc. É uma condenação. O sujeito paga a pena sem jamais ter sido condenado.

O julgamento do mensalão, pois, pretende plantar, já neste ano, a base de uma pretensa morte política do PT e do ex-presidente Lula. Mas o objetivo não são as eleições municipais de 2012 e o julgamento em tela não terminará após expedir suas sentenças. Está sendo plantada a base para que tenha um desenrolar.

O ministro do Supremo Joaquim Barbosa citou a presidente da República ao ler seu voto sobre uma das celeradas “fatias” que inventou para facilitar o curso desse que já é reconhecido por inúmeros juristas como um “tribunal de exceção”, ou seja, onde os critérios de julgamento fogem aos ditames do Direito e da jurisprudência.

Aqui e ali, nesse conclave entre o oligopólio midiático e os partidos de oposição ao governo federal, já se diz que o mensalão que está sendo julgado é parte de coisa ainda maior. Ou seja: estão ensaiando o discurso com o qual pretendem chegar a 2014.
Se a dobradinha entre Supremo e Procuradoria Geral da República de um lado e grande mídia de outro funcionar bem, lá pelo início de 2013 Lula será arrolado em alguma investigação sobre a acusação sem áudio, sem vídeo e sem confirmação alguma que a Veja lhe fez.

As certezas que os tais “colunistas” manifestam em que a Justiça será favorável ao plano, obviamente que derivam de conhecimento de bastidores por parte do patronato midiático em relação aos órgãos que dão curso à campanha de criminalização do PT e dos seus políticos mais eminentes.

Como não se fazem necessárias provas de nada para que o chefe do Ministério Público teça considerações sobre a hipótese de processar Lula, o mesmo valerá para qualquer outro cidadão brasileiro. Bastará uma reportagem que diga que ouviu dizer uma acusação pelo amigo, pelo parente ou pelo associado de alguém para que o Estado aceite a premissa.

Acabou a democracia no Brasil. Não é preciso mais provar nada para acusar alguém. E o que é pior: tal prerrogativa só vale para alguns, ou seja, para determinado grupo político.

O enfraquecimento do PT que está sendo plantado hoje com tanto afinco, com tanta sofreguidão, a um custo de milhões e milhões de dólares de campanhas publicitárias desencadeadas para difamar e caluniar, obviamente que não visa a eleição de prefeitos e vereadores.

Anote aí, leitor: está sendo plantada a semente do envolvimento da presidente Dilma Rousseff no mensalão 2, sobre o qual os mercenários empregados na grande mídia já falam abertamente.

Antes, porém, será preciso anular o padrinho político dela, de forma que não concorra em seu lugar se conseguirem envolvê-la em alguma coisa que a impeça de disputar a própria sucessão, contando, para isso, com o beneplácito da Procuradoria Geral da República e com a obediência do Supremo Tribunal Federal.

Os cínicos, os ingênuos e os mal-informados farão a mesma pergunta: ora, mas por que a mídia quereria tanto destruir um partido se o capitalismo vem ganhando tantos presentes dos últimos dois presidentes da República (Lula e Dilma)?

Sim, o governo Lula e o governo Dilma cederam muito ao capitalismo selvagem que vige no Brasil. Contudo, como se viu no caso dos bancos, os governos do PT cederam e cederão só enquanto não tiverem condições para deixar de ceder. Além disso, o gasto social de governos petistas e as políticas para redistribuir renda e oportunidades estão tornando o rico menos rico e o pobre menos pobre.

Quase posso ouvir a ultra-esquerda e a direita rindo juntas da afirmação que encerra o parágrafo anterior. Todavia, só se não tiver alguém para esfregar na cara delas o índice de Gini, que, aliás, melhora tanto no Brasil que pistoleiros do Partido da Imprensa Golpista já até tentaram desqualificar a mais reconhecida fórmula de mensuração da desigualdade.

Nos próximos anos, os índices oficiais mostrarão a continuidade de uma distribuição de renda que a partir do governo Lula ganhou um impulso visível a olho nu, sem nem necessidade de recorrer a estatísticas. E esse é o xis da questão.

Distribuição de renda no país virtualmente mais desigual do mundo obviamente que mobiliza contra si os poderes que produziram essa situação. Alguém já se perguntou por que o Brasil é tão mais desigual que qualquer outro país em estágio similar de desenvolvimento?

A concentração de renda brasileira é digna de qualquer republiqueta bananeira. Aliás, os países que se ombreiam conosco em injustiça social são só os países mais miseráveis e sem importância política da África e da América Latina. Ou seja: nenhum país com tanta riqueza e tecnologia quanto o nosso tem desigualdade sequer parecida.

A equação que construiu esse fenômeno desde a Proclamação da República se sustenta no uso de meios de comunicação de massa para produzir realidades virtuais e para calar quem disser o que não interessa aos beneficiários da injustiça social, aqueles que a mídia diz que não existem, que são invenção dos que querem “luta de classes”.

Eis porque o PT se tornou “inviável” para a elite que concentra renda e que é dona das maiores fortunas e dos mais importantes grupos de mídia.

Distribuição de renda? Ora, para dar a alguém há que tirar de alguém, por isso se diz distribuição, ou redistribuição. Desenhando: a quantidade de dinheiro que existe no país é uma só. Não dá para criar riqueza e dar só para quem tem pouco, tem que tirar de quem tem muito ou de quem tem mais ou menos e dar a quem não tem. É assim que funciona.

O mais engraçado de tudo isso é que os que têm muito sempre acabam empurrando uma conta desse tipo para quem tem mais ou menos, ou seja, para a classe média, que, no entanto, adota o discurso daquele que lhe empurra a conta. E achando-se muito inteligente por isso…

Enfim, digressões à parte, é assim que a banda toca. Se não houver uma reação já, o script é esse.

O tom arrogante dos mercenários da grande mídia se deve à certeza de que está tudo dominado: seus patrões, além de dinheiro, têm como chantagear qualquer poder da República com campanhas de difamação como as que se abateram sobre Tóffoli, Lewandowski, Lula etc.

É nesse contexto que se olha para a única pessoa que tem hoje poder para enfrentar tudo isso: Dilma Vana Rousseff. Porque mídia e oposição demo-tucana detêm o poder máximo do Judiciário graças a Lula e ela terem nomeado procuradores-gerais e ministros do Supremo de olhos fechados, acolhendo indicações da Justiça e do Ministério Público.

Lula chegou ao poder crente em que teria que agir de forma “republicana” na indicação daqueles que são os únicos que podem inclusive processar presidentes, condená-los e até destituí-los do cargo. Deu nisso aí.

O homem que agora está nas mãos de um procurador-geral da República que já se mostrou seu adversário político nomeou sempre aquele novo procurador-geral que o Ministério Público Federal indicava enquanto que os presidentes e governadores tucanos nomeavam e nomeiam procuradores-gerais afinados consigo politicamente.

Inocência? Sim, com absolta certeza. Lula foi inocente. Mas Dilma está sendo ainda mais. Começou seu governo achando que poderia se entender com a mídia sem entender que ela não passa de braço político de um setor da sociedade, o setor mais rico. Ponto.

Dilma também despertou? Alguns dirão que suas respostas aos insultos de Fernando Henrique Cardoso e de Joaquim Barbosa e a nomeação rápida do novo ministro do STF constituem sinais de que já entendeu o que está acontecendo. A preocupação, porém, é a seguinte: quem caiu naquele conto talvez ainda não tenha percebido que é o alvo final disso tudo.

Eduardo Guimarães

Igreja evangélica demoniza Cosme e Damião!!!

Comentário: Isso é um tremendo absurdo! Desfazer de uma prática tradicional (distribuição de doces de Cosme e Damião) pelo simples fato de não ser dessa ou daquela religião, para em seguida fazer a mesma coisa... 
Se isso não for intolerância religiosa, nada mais é! E esse pessoal se diz cristão e enche a boca pra falar em nome de Deus, mas praticam justamente o oposto do que está no evangelho: a tolerância e o amor ao próximo!
E o pastor ainda tem a cara de pau de afirmar que essa prática não é intolerância religiosa...é a liberdade!

Igreja evangélica demoniza Cosme e Damião, mas vai distribuir guloseimas


Um grupo de evangélicos está tirando doce de criança com uma mão para dar com a outra. A troca acontece em pleno Dia de São Cosme e São Damião, comemorado em 27 de setembro na cultura popular. E dentro da igreja Projeto Vida Nova, na Vila da Penha, onde os pastores “convidam” mil meninas e meninos a entregar-lhes os saquinhos que conseguiram na rua para receber outros, “abençoados por Deus”.

- É apenas um convite. Só entrega os doces quem quer. Geralmente, os saquinhos são queimados, representando fim de todo o mal que, por ventura, foi direcionado às crianças - avisa o pastor Isael Teixeira.

Ele conta que geleia, pipoca doce, bananada e pirulito chegam às mãos de oito a dez mil crianças, nos 70 templos da unidade, ao lado de uma surpresa: a Bíblia. É para comer “orando”.

- A gente pede para trocar o doce abençoado (da igreja) pelo amaldiçoado. Nosso projeto é um meio de trazer as crianças (que não são evangélicas) para o bem, livrando-as do mal. Se a criança come doce (de rua), pode plantar uma semente dentro dela. Eles (outros religiosos) invocam os espíritos para que entrem nos doces - diz. (E isso aqui não é intolerância religiosa??? Deus e Jesus só estão na igreja dele, na dos outros é satanás?!)

A entrega dos sacos gospel é promovida na igreja há mais de 20 anos. Três deles com a presença da cabeleireira Raquel Cristo, de 36 anos, uma fiel convertida.

- Se alguém dá doce para meu filho na rua, eu até pego para não fazer desfeita. Mas depois jogo fora. Minha mãe foi espírita e nós vivíamos doentes. Ela fazia mesa de doces de Cosme e Damião e chamava sete crianças para comê-los. Hoje, acredito que a função disso era transferir a nossa doença para elas. (vejam só que comentário malicioso, que só demonstra a ignorância e a intolerância dessa gente!)

Para o presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), babalaô Ivanir dos Santos, a ação evangélica “dá sentido a uma mentira”.

- Estão fazendo troca simbólica com as crianças porque, no fim das contas, também dão doces. Demonizar a fé de outra religião e ter um mesmo sentido, que é o doce, é um ato de intolerância. E isso, sim, é pecado.

A vice-presidente do Movimento Umbanda do Amanhã (Muda), Marilena Mattos, concorda.

- Isso é um fiel retrato da intolerância religiosa. Eles estão mostrando que não aceitam a Umbanda como religião, pois estão denominando nossos rituais como sendo do mal - defende.

Outra casa de Deus onde também há entrega de doces é a católica Paróquia da Ressureição, no Arpoador. Mas algumas crianças atendidas lá ouviram que os saquinhos seriam do diabo.

- Algumas disseram que a professora falou isso. Esse fanatismo de alguns evangélicos pode nos levar a um extremismo. Incutem o medo nas crianças ao dizer que o doce é do diabo. E isso não é de Deus - diz o padre José Roberto Devellard.

Psicóloga especializada em crianças, Katia Campbell diz que as polêmicas religiosas não conseguem competir com o verdadeiro interesse dos pequenos.

- As crianças não entendem isso. Elas só querem o doce.

Intolerância assusta

Surpresa O padre José Roberto Devellard, da Paróquia da Ressurreição, no Arpoador, conta que ficou impressionado quando uma menina, sem saber quem ele é, lhe disse que os saquinhos de doce não são de Deus.

Um novo ciclo O pastor Isael Teixeira diz que a partir de amanhã pode ser aberto um ciclo de trabalhos em cima de crianças e jovens, já que São Cosme e São Damião são festejados pela igreja católica no dia 26; na Umbanda e no Candomblé, no dia 27, e na igreja ortodoxa em 1º de novembro.

Recado No lugar da foto dos santos gêmeos, o saco de doces do Projeto Vida Nova, na Vila da Penha, estampa a frase: “Jesus, o único protetor das crianças”.

Liberdade A troca de sacos de doce na igreja evangélica não é um ato de intolerância religiosa, afirma o pastor Isael Teixeira. “Temos a liberdade”, alerta.

Igualdade “Nossos doces são tão iguais ao dos pastores. Vamos à loja, compramos, enchemos os saquinhos e distribuímos às crianças. Não há nada que faça mal a elas. Respeitamos a distribuição de doces deles, mas repudiamos a troca dos saquinhos”, diz pai Renato de Obaluaê, presidente da Irmandade Religiosa de Cultura Afro-Brasileira.

Divergência “O problema não é dar doce, mas trocar os sacos”, opina o babalaô Ivanir dos Santos.